Facebook muda o visual e fica mais parecido com o TikTok

Tal como a app rival TikTok, o Facebook vai começar a abrir com conteúdo popular calculado através de algoritmos. As publicações de amigos, páginas e grupos que o utilizador segue passam para um novo separador.

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Mark Zuckerberg diz que o principal objectivo é dar mais controlo ao utilizador DR

O Facebook vai mudar outra vez de visual: em breve, a primeira coisa que os utilizadores vão ver quando abrirem a aplicação móvel será o separador “Home” (casa, em inglês), um espaço que permite descobrir páginas, grupos e utilizadores que usam a aplicação e que criam conteúdo popular. A nova estrutura, apresentada esta quarta-feira por Mark Zuckerberg, lembra a página principal da rede social TikTok que usa algoritmos para escolher os vídeos mais interessantes para cada pessoa.

As publicações de pessoas, amigos, grupos e páginas que o utilizador segue no Facebook passam para um novo separador (Feeds, no plural) que se divide em “favoritos”, “amigos”, “grupos”, e “páginas” e está organizado por ordem cronológica. Na base, o feed de notícias tradicional vai-se dividir em dois: conteúdo que o utilizador escolhe seguir (Feeds) e conteúdo extra que pode interessar ao utilizador (Home).

O presidente executivo da Meta e criador do Facebook argumenta que o objectivo da mudança é ajudar as pessoas a controlar aquilo que vêem na aplicação. Uma das grandes críticas às redes sociais, incluindo o Facebook, é a falta de transparência sobre os algoritmos que recomendam conteúdo para cada utilizador. “[No separador Feeds] será possível ver publicações de amigos, grupos, páginas e muito mais, separadamente, em ordem cronológica”, explica Mark Zuckerberg na apresentação das mudanças. “Mas a app continua a mostrar um feed personalizado, no separador Home, onde o nosso motor de descoberta recomenda o conteúdo que pensamos que mais interessa [ao utilizador].”

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O Facebook vai reorganizar os separadores Meta

Luta pelo primeiro lugar

Esta mudança do Facebook chega numa altura em que a popularidade da aplicação está a diminuir. Este ano, foi a primeira vez que a rede social primogénita de Zuckerberg – o Facebook – perdeu utilizadores em 18 anos de existência. Nos últimos três meses de 2021, menos 500 mil pessoas acederam à rede social diariamente.

Por outro lado, o TikTok continua a acumular novos utilizadores. De acordo com dados da Sensor Tower, que é uma empresa de consultoria na área das aplicações móveis, o TikTok é a app mais descarregada em todo o mundo, tanto na loja de aplicações da Apple (App Store) como na loja do Google (Google Play). Desde o começo de 2020, só foi destronada duas vezes: pela app de videochamadas Zoom (segundo trimestre de 2020) e pelo Instagram (último trimestre de 2021).

Isto não quer dizer que o Facebook tenha caído do pódio das apps mais populares, mas já não ocupa o primeiro lugar. Em 2022, o Instagram (empresa irmã do Facebook) é a líder mundial em termos de envolvimento (engagement, em inglês), ou seja, é a app em que os utilizadores mais passam tempo e interagem através de publicações, comentários, gostos, partilhas e mensagens privadas. Segue-se o TikTok (29% de envolvimento) e o Facebook (27%).

Apps como TikTok, Instagram e Facebook geram milhares de milhões de downloads em todo o mundo e atraem audiências em todas as faixas etárias. Mas é importante que continuem a oferecer funcionalidades que os consumidores querem”, explica ao PÚBLICO o analista da Sensor Tower, Craig Chapple. “Caso contrário os utilizadores vão procurar noutros locais”, resume. “Não faltam alternativas. Quanto mais tempo os utilizadores gastam numa aplicação, menos tempo gastam em plataformas rivais.”

As mudanças do Facebook devem chegar às apps dos utilizadores a partir da próxima semana. No sistema operativo iOS, os novos separadores vão estar na parte inferior da aplicação; no sistema Android, estarão na parte superior. A ordem dos separadores vai variar consoante as ferramentas que o utilizador mais utiliza.

Criar funcionalidades que são inspiradas em redes sociais rivais é algo que a empresa-mãe do Facebook, a Meta, faz há anos. Em 2016, a empresa lançou o Stories (imagens e vídeos que desaparecem algumas horas depois de serem vistas) depois do aumento de popularidade do Snapchat e em 2020 anunciou o Reels (ferramenta de micro vídeos) para competir com o TikTok.

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