Um bombardeamento matou Dmytro, de 13 anos. O pai segurou-lhe a mão durante duas horas
Dmytro e a irmã estavam na paragem do autocarro, em Kharkiv, quando o bombardeamento ocorreu. A irmã sobreviveu, mas o jovem de 13 anos não. O pai de Dmytro segurou na mão do filho e rezou durante duas horas junto ao corpo.
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Na manhã desta quarta-feira, a cidade de Kharkiv voltou a ser bombardeada pelas tropas russas, confirmou o governador regional, Oleg Sinegubov. Desta vez o alvo foi uma paragem de autocarro em Saltivka, uma das zonas residenciais mais atacadas desde o início do conflito.
No momento em que as bombas caíram, na paragem, à espera do autocarro, estavam os irmãos Dmytro, com 13 anos, e Ksenia, com 15. Ksenia foi transportada para o hospital com ferimentos graves, mas Dmytro morreu no local.
Após o ataque, sozinho, o pai do jovem de 13 anos aproximou-se e ajoelhou-se junto ao corpo do filho. Calmamente e emocionado, agarrou a mão direita do filho - cujo corpo ficou deitado no chão - e, durante duas horas, rezou uma oração, relata o correspondente do Telegraph.
Algum tempo depois chegaram as autoridades ucranianas, que retiraram o corpo do local. Mas antes disso, o pai de Dmytro despediu-se do filho e fez-lhe o sinal da cruz.
Há cinco anos que Dmytro e a sua irmã tinham aulas de danças de salão perto do local do ataque e, até esta quarta-feira, eram o par um do outro. O objectivo, diziam os pais, era “terem aulas e competições ao mesmo tempo, para estarem sempre juntos”, contou a professora dos jovens à televisão ucraniana. Segundo Olga Lisnyak, os irmãos eram “crianças muito trabalhadoras” e já tinham ganho medalhas em concursos locais.
De acordo com o presidente da Câmara de Kharkiv, Igor Terekhov, as tropas de Moscovo utilizaram um lançador de múltiplos rockets. Não só a paragem de autocarro, que ficou repleta de sangue, foi atingida, como também uma mesquita que existe nas proximidades e que ficou bastante danificada.
Além de Dmytro, outras duas pessoas morreram no ataque desta quarta-feira, nomeadamente dois idosos. No entanto, as informações não indicam se o casal morreu no mesmo local que Dmtytro.
Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, resistiu os dois primeiros meses da invasão a vários ataques russos, mas sofreu bombardeamentos quase diários durante o último mês, após um período de calma.