Crash deixa conservatórias sem sistema informático. Tribunais e cadeias também foram afectados

Ministério da Justiça diz que se trata de um problema de comunicação que está a ser resolvido. Às 12h30 havia conservatórias onde já era possível usar novamente os telefones e aceder às aplicações informáticas. Ao início da noite, ministério dizia que o problema tinha sido “superado”, aguardando-se a “retoma total da normalidade”

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Nelson Garrido

As conservatórias de todo o país ficaram esta terça-feira sem sistema informático. O crash afectou ainda outras plataformas do Ministério da Justiça, nomeadamente as que servem de suporte aos tribunais, às cadeias e ao Ministério Público.

Contactada pelo PÚBLICO, a tutela confirmou a existência de dificuldades, negando no entanto tratar-se de um apagão. “Há um problema de comunicação que está a dificultar o acesso ao sistema, e que está a ser resolvido”, descreveu uma porta-voz do Ministério da Justiça, acrescentando não existirem indícios de que se possa tratar de um ciberataque.

O cenário traçado por quem está no terreno é, porém, bem mais preocupante. “Os trabalhadores das conservatórias não têm acesso a nada a nível nacional. Estamos sem qualquer tipo de sistema”, explica uma dirigente da Associação Sindical dos Conservadores dos Registos. “Está tudo off”.

Resultado? O atendimento ao público só pode ser feito mediante prestação de informações que não exija o acesso ao sistema das conservatórias, sejam elas do registo civil, predial, comercial ou outras. Uma nota informativa colocada no site do Instituto dos Registos e Notariado dá conta de que “constrangimentos de ordem técnica na rede de comunicações determinaram temporariamente a suspensão da recepção de pedidos online e o atendimento presencial até que a situação fique regularizada”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e Notariado, Arménio Maximino, diz que este “crash geral” se vem juntar ao pandemónio diário gerado pela falta de trabalhadores nas conservatórias. “Estamos sem Internet, sem mail e sem aplicações. Os utentes estão a ser prejudicados em serviços essenciais”, lamenta, acrescentando que enquanto o discurso oficial do Ministério da Justiça dá conta de uma revolução digital em curso, na realidade o dia-a-dia nas conservatórias é enfrentado com equipamentos obsoletos e aplicações informáticas datadas.

Também o Ministério Público e os tribunais se estão a deparar com problemas. “Deixou de ser possível ter acesso ao sistema informático Citius e ao mail profissional a partir da meia-noite de hoje e a nível nacional”, contou uma fonte da magistratura.

Mas o problema parece de facto estar em vias de resolução: pelas 12h30 desta terça-feira já havia conservatórias onde já era possível usar novamente os telefones e aceder às aplicações informáticas. “Os problemas de comunicação que afectaram, durante a manhã desta terça-feira, a rede da Justiça foram já superados, esperando-se para muito breve a retoma total da normalidade”, acrescentou ao PÚBLICO, já ao início da noite, o Ministério da Justiça.

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