Vila Real e Guarda são os distritos mais afectados pelos incêndios
Casal de idosos morreu num despiste enquanto tentava fugir às chamas em Murça, Vila Real. Na Guarda, o avanço das chamas ameaça várias aldeias e levou ao corte de troços da auto-estrada.
Os incêndios desta segunda-feira ficaram marcados pela morte de um casal de idosos em Murça, Vila Real. O distrito do Interior Norte foi, de resto, o mais devastado pelas chamas no primeiro dia em que Portugal continental esteve sob estado de alerta, nível que será reavaliado nesta terça-feira.
As duas pessoas, com mais de 80 anos, morreram na sequência de um despiste numa ravina enquanto tentavam fugir às chamas que ameaçavam a aldeia de Penabeice. O presidente da Câmara de Murça, Mário Artur Lopes, informou que o acidente aconteceu “numa zona queimada e o carro estava carbonizado”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do casal, que seguia numa estrada em direcção à aldeia vizinha de Jou.
“Independentemente do contexto em que ocorreu e das causas que o que terão motivado, não posso deixar de lamentar profundamente o acidente de viação que motivou duas mortes no concelho de Murça e de apresentar os meus sentimentos aos familiares das vítimas”, disse à Lusa.
O acidente eleva para três as mortes provocadas pelos incêndios que deflagraram no país desde 8 de Julho, depois da morte em Vila Nova de Foz Côa do comandante-piloto André Serra, na sexta-feira, a bordo de um avião de combate a fogos que ficou destruído após embater no terreno.
Além das três vítimas mortais, contam-se ainda cinco feridos graves, 110 feridos ligeiros e 95 pessoas assistidas, para um total de 213 ocorrências provocadas pelos incêndios, de acordo com a Protecção Civil.
Vila Real enfrentou três fogos
O vento forte e os acessos difíceis complicaram a actuação dos bombeiros durante todo o dia em Vila Real, onde três incêndios causaram problemas.
Às 20h45 desta segunda-feira, perto de 700 operacionais combatiam incêndios em Murça (274), Vila Pouca de Aguiar (217) e Chaves (168), com 221 viaturas e cinco aeronaves.
As chamas obrigaram à evacuação preventiva de localidades em Vila Pouca de Aguiar e Murça – neste concelho foi criada uma zona de concentração de apoio à população, no pavilhão de Cortinhas.
O incêndio de Chaves, que teve início em Bustelo na sexta-feira, continua a consumir terreno e passou esta segunda-feira para território espanhol, vindo de Cambedo em direcção à aldeia galega de San Cibrao.
De acordo com o comandante nacional da Protecção Civil, o norte do país registava, ao cair da noite desta segunda-feira, outras três ocorrências significativas: duas no distrito do Porto, em Penafiel e Paredes, e outra na Guarda.
André Fernandes adiantou ainda que se registaram, esta segunda-feira, 79 incêndios em Portugal continental, 11 dos quais continuavam activos às 20h. O combate às chamas estava a ser feito por 1064 operacionais, 16 aeronaves e 320 veículos de combate ao fogo.
Deste total, 1030 operacionais, 312 viaturas e 15 aeronaves estavam alocadas ao combate a seis fogos destacados pela Protecção Civil. Foram mobilizados para os três distritos em questão 21 grupos de reforço, envolvendo mais de 800 operacionais.
Vento intenso preocupa na Guarda
Na Guarda, o incêndio que deflagrou perto da zona urbana da cidade avançou rapidamente sobre o território e obrigou ao corte da A25 entre o nó de Guarda e Celorico e de um troço do IP5 entre Alvendre e Porto da Carne.
O vento forte sentido no distrito permitiu às chamas galgar vários quilómetros em pouco tempo: em cerca de quatro horas e meia, o incêndio percorreu cerca de seis quilómetros em linha recta, segundo o presidente da autarquia, Sérgio Costa. Às 20h, o incêndio era combatido por 217 operacionais e 66 viaturas.
O autarca referiu à Lusa que as chamas chegaram “perto” da povoação de Alvendre, localizada a nordeste da área em que o fogo começou. Um “pequeno armazém” agrícola ardeu, assim como três viaturas, de acordo com a GNR. Sérgio Costa referiu ainda que as chamas ameaçam outras aldeias do concelho da Guarda.
Combate nocturno focado na estabilização
No ponto de situação feita ao final do dia desta segunda-feira, o comandante nacional da Protecção Civil disse que as ocorrências em Murça, Vila Pouca de Aguiar e Guarda são “três incêndios que preocupam bastante”.
A estratégia para o combate, adiantou André Fernandes, passa por tentar “estabilizar ao máximo” os três fogos durante a noite, aproveitando uma janela meteorológica durante a qual se prevê um aumento da humidade relativa do ar.
Além das situações activas que estão a ser combatidas no país, a Protecção Civil contabiliza 19 ocorrências em fase de vigilância activa, para as quais estavam destacados, às 20h, 812 operacionais, 229 veículos e duas aeronaves.