Dia após dia, vão sendo batidos recordes de temperatura devido à onda de calor que assola Portugal desde a semana passada. Esta quinta-feira, a estação meteorológica de Pinhão - Santa Barbára (Viseu), registou a temperatura de 47 graus Celsius, o que “constitui um novo extremo para o mês de Julho em Portugal continental”, de acordo com o boletim disponibilizado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O anterior valor máximo para o mês era de 46,5 graus e foi alcançado na Amareleja, no Alentejo, a 23 de Julho de 1995.
Apesar deste recorde, esta quinta-feira (14 de Julho) ficou atrás de quarta-feira (13 de Julho) em relação à média das temperaturas do país. “O dia 13 de Julho [quarta-feira], com uma temperatura média do ar de 30,8 graus, é o mais quente de 2022 e o 5º mais quente dos últimos 23 anos em Portugal continental”, lê-se no boletim. Quinta-feira foi o 2º dia mais quente do ano e o 6º dia mais quente desde 2000. O dia mais quente de sempre foi a 4 de Agosto de 2018, quando a temperatura média em Portugal continental foi de 32,4 graus.
Ao todo, nesta quinta-feira, foram ultrapassadas para o mês de Julho as temperaturas máximas em 26 das 93 estações meteorológicas da rede do IPMA, consideradas para esta contagem. Também os valores máximos das temperaturas mínimas tiveram novos recordes. Entre o dia 12 e o dia 14 de Julho, 13 estações meteorológicas registaram extremos absolutos para aqueles locais. Portalegre teve 29,3 graus de temperatura mínima nesta quinta-feira, atingindo o valor máximo para este dia.
Calor atinge o Norte, “algo que nunca tínhamos visto"
Assim, embora o recorde da temperatura máxima para Portugal continue a datar de 2003, quando a Amareleja, no Alentejo, registou 47,3 graus a 1 de Agosto desse ano, a actual onda de calor é mais um sinal da tendência do aumento generalizado das temperaturas a nível de Portugal continental.
“Acaba por ser o quadro global que está a mudar”, explica ao PÚBLICO Ricardo Deus, climatologista do IPMA. “Estamos a olhar para um fenómeno que está a intensificar-se também no Norte do país, algo que nunca tínhamos visto. O litoral Centro e Norte sempre foram bolsas de resistência, mas presentemente até estas regiões estão a ser afectadas [pelo calor].”
Até esta quinta-feira, 34 estações meteorológicas do país registaram uma situação de onda de calor, quando durante seis dias consecutivos a temperatura máxima do ar diária é superior em cinco graus em relação ao valor médio diário. Nesta lista, é Santarém que vai à frente, com uma onda de calor há 13 dias consecutivos.
Entre os dias 15 e 17 de Julho, o IPMA avisa que “os valores da temperatura do ar serão da ordem dos 35 graus e os valores da temperatura mínima do ar estarão entre 19 e 20 graus”, lê-se no boletim. Haverá, assim, noites tropicais e dias quentes, muito quentes e excessivamente quentes. Por isso, todos os cuidados em relação ao calor devem ser mantidos e o período de contingência contra os incêndios vai manter-se até ao final do dia de domingo.