Portugal atinge 515 casos confirmados de varíola-dos-macacos
Diagnosticados mais 42 casos desde a passada sexta-feira. Desde segunda-feira, em todo o mundo, foram confirmados 30% de todos os casos já registados desde o início do surto.
Mais 42 casos confirmados de varíola-dos-macacos em Portugal, desde a última sexta-feira. No total, somam-se agora 515 infectados em território português, conforme indica o relatório semanal publicado esta quinta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Numa semana em que foram confirmados 30% dos casos totalizados desde o início do surto (a 7 de Maio no Reino Unido), Portugal continua a registar aumentos menos significativos. A vizinha Espanha quase duplicou os casos confirmados esta terça-feira, atingindo os 2447 infectados.
Existem já quase 11 mil casos confirmados em países onde a varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) não está habitualmente, a maioria localizada na Europa – com principal destaque para Espanha, Reino Unido (1735) e Alemanha (1694).
Em Portugal, os casos diagnosticados são maioritariamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que apenas uma mulher está infectada. Todos os restantes casos confirmados são homens, a maioria abaixo dos 45 anos.
Esta terça-feira, a DGS publicou a norma que indica quem será vacinado em Portugal. Na orientação, é definido que apenas os contactos de risco serão elegíveis para receber a vacina de terceira geração contra a varíola (que também se mostrou eficaz contra o VMPX). Portugal recebeu 2700 das mais de 100 mil doses contratualizadas pela Comissão Europeia numa compra conjunta para os países-membros.
Existem vários tipos de contactos considerados de risco. O conceito abrange o contacto físico directo com uma pessoa infectada (toque ou relações sexuais, por exemplo), a coabitação, a exposição a materiais contaminados (como toalhas, objectos ou roupa), e ainda qualquer contacto com as lesões provocadas pelo vírus. A vacina será administrada em duas doses, com pelo menos 28 dias de intervalo entre cada uma das doses.
OMS reúne na próxima semana
O Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) volta a reunir na próxima quinta-feira para reavaliar a evolução do surto de VMPX e decidir novamente sobre se este surto representa uma emergência internacional de saúde pública.
Desde final de Junho que o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tinha anunciado a marcação de uma nova reunião do Comité de Emergência. Esta quinta-feira, através de uma conferência de imprensa, confirmou a reunião na próxima semana.
A 25 de Junho, o comité já tinha descartado avançar com esta declaração, mas volta agora a rever a decisão. Se o surto actual de varíola-dos-macacos for considerado uma emergência internacional, as medidas daí resultantes serão sobretudo de carácter simbólico, permitindo reforçar o alarme e a necessidade de vigilância dos estados-membros da OMS.
Desde a primeira reunião, os casos confirmados em países onde o vírus não está habitualmente presente mais do que duplicaram. De acordo com a organização, os especialistas que compõem o Comité de Emergência, vão avaliar o surto com base em vários critérios, como a evolução do número de casos, a gravidade da doença, a disseminação de infecções na comunidade e o comportamento do vírus.
A declaração de emergência internacional de saúde pública é o nível mais alto de alerta que a OMS pode decretar. Este estado é definido pela OMS como um evento extraordinário, grave ou inesperado que tem implicações na saúde pública para além das fronteiras de um país e que pode exigir uma ação internacional imediata e concertada.
Até este ano só foram declaradas seis emergências internacionais, todas após 2009: covid-19 (2020), surto de ébola na República Democrática do Congo (2019), zika (2016), surto de ébola na África Ocidental (2014), e a pandemia da gripe com vírus H1N1 (2009). Como observado nos casos anteriores, a declaração não desbloqueia novas medidas ou financiamento, mas implica a posição da OMS de que este é um surto internacional, com necessidade de cooperação além-fronteiras.