Um terço das vagas para médico de família ficou por ocupar. Centros de saúde vão ter 272 novos especialistas
Dados são do Governo mas Sindicato Independente dos Médicos disse que, a nível nacional, ficaram “desertas” cerca de 40% das vagas abertas no concurso para colocar novos especialistas nos centros de saúde e que, em Lisboa e Vale do Tejo, não terão sido ocupados metade dos postos de trabalho.
O concurso aberto em Junho para colocar médicos de família nos centros de saúde terminou com cerca de um terço das vagas por ocupar em todo o país. Estão “prontos para ser colocados” 272 novos médicos de família do primeiro concurso deste ano para vinculação de jovens especialistas em que foram disponibilizadas 432 vagas no total, revelou a secretária de Estado da Saúde esta quarta-feira à tarde no Parlamento. Com a colocação dos jovens médicos haverá “um incremento bastante expressivo da cobertura de utentes” a nível nacional, sublinhou Fátima Fonseca. Em Junho, havia mais de 1,4 milhões de pessoas sem médico de família atribuído em Portugal.
A secretária de Estado adiantou os números finais do primeiro concurso deste ano horas depois de o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, ter anunciado que, no final do processo, apenas “60%” das vagas deste concurso foram preenchidas, tendo-se sucedido “dezenas” de desistências de candidatos ao longo dos dias.
Roque da Cunha destacou ainda que, na região de Lisboa e Vale do Tejo, o resultado foi “mais crítico”, uma vez que “metade das vagas ficaram desertas”. Mas a secretária de Estado da Saúde não especificou dados por regiões durante a audição na Comissão de Saúde. Fátima Fonseca acentuou que as vagas que ficaram por preencher ainda podem vir a ser ocupadas através de concursos a desenvolver pelas administrações regionais de saúde.
O concurso que foi aberto em 17 de Junho disponibilizou um total de 432 vagas para contratação de especialistas em medicina geral e familiar, metade das quais (211) em Lisboa e Vale do Tejo, a região mais carenciada e onde em Junho quase um milhão de pessoas não tinha médico de família atribuído.
A não ocupação de uma parte significativa de postos de trabalho tem sido “a tendência dos últimos anos”, lamentou Roque da Cunha, que acredita que o resultado ainda poderá piorar nos próximos dias, dado que habitualmente “cerca de 5%” dos novos especialistas acabam por não aceitar o posto de trabalho.
Há dois concursos por ano para recrutar novos especialistas e, no segundo concurso de 2021, também tinham ficado sem médico de família, em Lisboa e Vale do Tejo, metade dos postos de trabalho então abertos nos centros de saúde.
Mas já era de esperar que as vagas não fossem todas ocupadas. Desde 2018 que o Governo disponibiliza um número de lugares para contratação que é superior ao total de médicos que concluem a especialidade em cada época, visando atrair e manter no Serviço Nacional de Saúde os jovens especialistas e cativar médicos que estejam a trabalhar noutros locais, como enfatizou a secretária de Estado da Saúde.
Notícia actualizada às 15h11 com os dados oficiais adiantados pela secretária de Estado da Saúde no Parlamento
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