Euribor a três meses também já está em terreno positivo
Prestação da casa está a ficar mais cara em todos os contratos associados aos três prazos das taxas Euribor e a tendência nos próximos meses deverá ser de agravamento.
A Euribor a três meses atingiu esta quinta-feira valor positivo, depois de mais de sete anos em terreno negativo. O prazo mais curto das taxas utilizadas na maioria dos empréstimos à habitação junta-se à Euribor a seis e 12 meses, que acumulam ganhos apreciáveis em terreno positivo há algumas semanas.
Com este salto da Euribor a três meses, que ainda pode sofrer algumas flutuações nos próximos dias, acabou o período de taxas negativas nos empréstimos à habitação.
Neste tipo de crédito, a descida abaixo de zero teve ainda a particularidade, imposta pelo Banco de Portugal (BdP), de os bancos serem obrigados a descontar esse valor no spread (margem comercial) que acresce à Euribor.
Assim, ao longo dos últimos anos, a fórmula de cálculo da taxa, que é de “Euribor + spread”, passou a ser a de “Euribor - spread”, levando alguns clientes particulares, com margens mais baixas, a não pagar juros ou até mesmo a receber algum dinheiro do banco, porque a taxa final era negativa. Mas esse “desconto” chegou ao fim, agora também nos contratos associados à Euribor a três meses.
A Euribor a seis meses, que ultrapassou o patamar dos 0% a 6 de Junho, fixou-se esta quinta -feira em 0,448%, aproximando-se dos 0,5%.
O prazo a 12 meses, o mais utilizado nos contratos mais recentes, iniciou em Abril uma valorização acelerada, que já a colocou acima de 1%, a que se seguiu uma pequena correcção, mas está novamente muito próxima desse valor. Esta segunda-feira, fixou-se em 0,952%.
A subida das taxas Euribor tem reflexo directo nos novos empréstimos, e gradualmente nos restantes, uma vez que são revistos periodicamente, a cada três, seis e 12 meses, conforme o prazo utilizado.
As Euribor, fixadas diariamente no mercado monetário, têm subido de forma mais acentuada do que se perspectivava no início do ano. A aceleração é explicada pela guerra na Ucrânia, na sequência da invasão russa, que está na origem de um agravamento dos preços de um conjunto de bens, gerando uma pressão inflacionista que obrigou o Banco Central Europeu a alterar a sua política monetária. O BCE deverá realizar o seu primeiro aumento de taxas, em 11 anos, na reunião do próximo dia 21 de Julho, em 0,25%, esperando-se uma subida mais expressiva em Setembro.
Com o agravamento das taxas no crédito e juros dos depósitos perto do zero, e tendo em conta ainda o actual nível da inflação, a amortização de empréstimos pode compensar.