Mais categorias não nos excluem, aumentam-nos

É possível continuar a ser cis e hetero, manter famílias e divisões de género tradicionais, basta abdicar do conforto de ser a norma, moral ou linguística. As pessoas LGBTQIA+ não podem sacrificar-se em nome de uma norma obsoleta, restritiva e irrealista.

As demandas por uma linguagem inclusiva e não violenta e por uma literacia sobre o colonialismo ou sobre os géneros e sexualidades são encarados como o pronúncio do apocalipse civilizacional e uma ameaça existencial para os homens brancos, binários e cis-hetero. Ponto prévio: usarei o feminino como a opção de linguagem inclusiva. Não que o “todes”, que preocupa o dr. Pacheco Pereira, me incomode, mas estarei sempre a referir-me a pessoas e o feminino deveria ser tão aceite como neutro linguístico como o masculino. Começo por aqui porque importa relembrar que a linguagem é reflexo das estruturas epistémicas e políticas e também um exercício de poder; por vezes, de violência. Disputá-la não é um entretenimento para ativistas desocupadas. É inevitável para mudar a estrutura das inclusões e exclusões dentro de uma sociedade.

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