Como funcionará o “bilhete” de entrada em Veneza? O sistema em 10 pontos

Quem quiser visitar o centro histórico de Veneza e algumas das ilhas da laguna, sem ficar a dormir por aqui, tem de reservar a visita e pagar uma taxa que pode variar de 3 a 10 euros.

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Será lançada até ao final do ano um site onde será possível comprar bilhete para visitar o centro de Veneza REUTERS/MANUEL SILVESTRI

Depois de anos a debater o tema, Veneza prepara-se para se tornar a primeira cidade do mundo com bilhete de entrada pago, além de obrigação de pré-reserva. O plano foi formalmente aprovado e apresentado na sexta-feira pela autarquia da cidade e o sistema entrará em vigor em 2023 (foi adiado para 2024). Mas como funcionará? Eis o resumo do que já se sabe, segundo dados divulgados pela Comune di Venezia.

Para o vereador do turismo, Simone Venturini, que apresentou o plano, esta é “uma grande revolução” e a “melhor solução para gerir o sobreturismo”, um velho problema veneziano (e não só) com consequências nefastas, tanto ecológicas como para residentes, que chegaram a realizar várias manifestações, algumas contra os grandes cruzeiros. “Finalmente, um sistema inovador para a gestão dos fluxos turísticos”, considerou Venturini. O regulamento final está em processo de análise pelas comissões da região e deverá ser aprovado durante o Verão.

Qual é o objectivo do sistema?

“O objectivo é desincentivar os visitantes em certas alturas do ano e incentivar o turismo de alojamento, de acordo com a delicadeza e singularidade da cidade”, diz o vereador do turismo local, Simone Venturini. “Visa reduzir o excesso de excursões diárias e picos sazonais, procurando um equilíbrio entre as necessidades dos residentes, turistas que ficam alojados e aqueles que visitam a cidade durante o dia”, acrescentou o responsável na apresentação do plano, sublinhando que a ideia “não é fazer dinheiro”, mas antes “conseguir um turismo mais ordeiro”. Entre pormenores, análises de fluxos, excepções, será, definitivamente, um sistema “complexo”, pelo menos nos bastidores.

Quando entra em vigor?

O dia escolhido é em época baixa, para ir preparando as massas: 16 de Janeiro de 2023.

Quem tem de pagar a taxa de entrada?

Todos os visitantes que não pernoitem na cidade (quem fica em hotéis e alojamentos turísticos na cidade já tem de pagar a mais habitual taxa turística por noite). Residentes, trabalhadores locais, crianças com menos de seis anos, visitantes por motivos de saúde, profissionais ou familiares, ou que tenham bilhete para eventos culturais ou desportivos, pessoas portadoras de deficiência estão entre as excepções dos que não pagam.

Qual o custo?

Entre 3 a 10 euros. O valor dependerá da afluência em cada época do ano. Quanto mais visitantes, mais sobe o preço. Quanto maior o seu grupo, maior o custo por pessoa. Poderá haver períodos sem entrada paga. No regulamento final, a ser decidido durante o Verão, poderão existir alíneas de isenção de pagamento, informa Veneza: alguns dias com períodos de entrada gratuita e/ou descontos para reservas feitas com muita antecedência – tudo dependerá, mais uma vez, dos fluxos turísticos.

Para que áreas é obrigatório pagar taxa?

Centro histórico de Veneza e as ilhas da lagoa: Lido, Murano, Burano, Pellestrina, Torcello, Sant'Erasmo, Mazzorbo, Mazzorbetto, Vignole, Sant'Andrea​, La Certosa, San Servolo, San Clemente, Poveglia.

Como fazer a reserva obrigatória e pagamento?

Uma plataforma online será lançada oficialmente até final do ano. Uma versão experimental deverá ser apresentada ainda este Verão.

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Não haverá “fronteiras” nem torniquetes, o controlo pelas autoridades, garantem, será aleatório EPA/ZOLTAN BALOGH

E se chegar sem bilhete?

Haverá máquinas disponíveis para resolver a falta de bilhete no centro. Os pormenores serão actualizados em breve. O certo é que se pagará mais ou, caso haja “lotação esgotada”, poderá não ser permitida a entrada.

Como é feito o controlo de visitantes?

Não haverá “fronteiras” nem torniquetes (ao contrário do que há alguns anos se ponderou) ou locais para passar o bilhete e entrar. O controlo pelas autoridades, garantem, será aleatório.

E o que acontece a quem se passeia sem bilhete?

Multas de 50 a 300 euros.

E para onde vai o dinheiro arrecadado?

“As receitas da taxa de entrada serão utilizadas, em primeiro lugar, para pagar os custos da introdução do sistema e depois para baixar as taxas dos residentes”, afiança o vereador Venturini.

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