Ucrânia não acredita em adesão à Aliança Atlântica num futuro próximo
Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano diz que a NATO “não desempenhará um papel de liderança no apoio à Ucrânia”.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
A Ucrânia está resignada a que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) não lhe abra a porta tão depressa. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, a Aliança Atlântica vai assumir no futuro próximo apenas “papéis secundários” e “não desempenhará um papel de liderança no apoio à Ucrânia”, nem dará passos “concretos” para que a Ucrânia se torne um Estado-membro.
Em entrevista ao site ucraniano LB.ua, citado pela Europa Press, Dmitro Kuleba diz que a organização liderada por Jens Stoltenberg “continua a manter a mesma lógica de antes da guerra em relação à Ucrânia” e que essa posição se deverá manter inalterável. “Não vejo os requisitos prévios para que a Aliança mude a sua política com respeito à adesão da Ucrânia.”
“A Ucrânia prossegue o seu caminho de integração euro-atlântica, mas não vejo possibilidade de, num futuro próximo”, a NATO dar passos concretos para que o país seja membro de pleno direito da Aliança Atlântica, acrescentou.
E Kuleba usa a demonstração entre os processos da Ucrânia na NATO e na União Europeia, para demonstrar o seu ponto de vista: “A NATO encontrava-se numa posição mais avançada em relação à UE, porque pelo menos tinha decidido que a Ucrânia seria membro da Aliança e a UE nem sequer tinha uma perspectiva europeia para a Ucrânia”. Só que a invasão da Ucrânia pela Rússia mudou a posição das duas organizações em relação a Kiev. Os 27 acordaram passar a Ucrânia “à segunda fase”, dando-lhe o estatuto de candidato, “enquanto a NATO ficou no mesmo lugar”.
“A Aliança como união jogará papéis secundários”, porque assim decidiu o grupo mais influente dos Estados-membros. Tudo, segundo Kuleba, para evitar que “a Rússia não use o argumento de que está em guerra com a NATO”.
No entanto, se a organização de segurança optou por não ajudar directamente o Governo ucraniano na sua resistência à ofensiva militar russa, o que se assiste desde o início da guerra, a 24 de Fevereiro, é a criação daquilo a que Kuleba chama uma “coligação de vontades”, com os países da NATO a prestarem o seu auxílio de forma individual.
Para o ministro, o que estamos a presenciar é uma contradição de termos, porque se, por um lado, a NATO não se quer meter directamente no conflito para que Moscovo não veja nisso uma provocação e a guerra extravase as fronteiras da Ucrânia, por outro, a organização aceita o pedido de adesão da Finlândia e da Suécia.
“Toda a narrativa, tudo aquilo que os membros individualmente nos disseram sobre por que razão a Ucrânia não deveria juntar-se à NATO, ficou anulado com a pertença da Suécia e Finlândia. Disseram-nos, ‘não podemos avançar em direcção à fronteira, teríamos uma fronteira comum com a Rússia’” e com finlandeses e suecos é isso mesmo que acontece, “anulam-se os argumentos em relação à impossibilidade de deixar a Ucrânia entrar na aliança”.
“Agora têm 2 mil quilómetros de fronteira comum” com a Rússia, conclui o chefe da diplomacia ucraniana.