NASA quer regressar à Lua já no final deste Verão
A agência espacial norte-americana quer lançar um foguetão com sondas para explorar a Lua, como parte do seu programa lunar que pretende recolocar astronautas no satélite natural da Terra a partir de 2025.
Um fim-de-semana em cheio para a agência espacial norte-americana: a NASA anunciou o regresso à Lua (ainda sem astronautas) e lançou o primeiro foguetão a partir da Austrália desde 1995. Ainda durante esta semana, a primeira peça do programa lunar da NASA será lançada: é uma sonda robótica do tamanho de um forno de microondas que não chegará a pousar na Lua.
O anúncio não fica por aqui. A agência espacial norte-americana quer lançar uma cápsula sem tripulantes que viajará até à Lua ainda antes do final do Verão. Mesmo sem passageiros a bordo, aterrarão no solo lunar robôs que poderão conduzir experiências e recolher dados científicos sobre a água gelada nas regiões polares, por exemplo.
Daqui a alguns anos, espera-se que os astronautas voltem a pisar a Lua, mais de meio século depois dos primeiros passos de Neil Armstrong e Buzz Aldrin em 1969. O programa lunar para o século XXI da NASA tem também referências às missões Apollo que colocaram humanos pela primeira vez na Lua: o novo programa chama-se Artemis, a irmã gémea de Apollo na mitologia grega.
A primeira peça do Artemis será lançada ainda esta semana. A sonda robótica CAPSTONE, que não chegará a pousar na Lua, deverá ser lançada para o espaço esta terça-feira.
A CAPSTONE é uma experiência nova para a NASA em várias áreas. Por um lado, não será lançada nos Estados Unidos, mas sim na Nova Zelândia. Por outro, não é um projecto desenhado ou construído pela NASA – que nem sequer irá operar esta sonda robótica. A responsabilidade pertence a uma empresa com apenas 45 funcionários nos arredores de Denver (Estados Unidos).
“É outra forma de a NASA descobrir o que precisa de descobrir e reduzir os custos associados”, refere Bill Nelson, administrador da NASA. Esta é uma continuação do esforço recente da NASA em criar mais pontes com empresas privadas, que permitam manter a actividade espacial com menos gastos por parte da agência espacial norte-americana.
O programa lunar Artemis tem um papel nesta articulação. A criação de uma estação espacial em torno da Lua será uma das peças fundamentais no regresso dos astronautas ao satélite natural da Terra. Este posto de controlo, apelidado de Gateway, será local de passagem intercalar entre o nosso planeta e a Lua em futuras viagens dos astronautas.
Este não é, no entanto, um objectivo a curto prazo. A primeira missão de aterragem do Artemis está prevista para 2025 – ainda sem passagem pelo Gateway -, mas deverá ser adiado.
O Artemis não estará sozinho nestas ambições. Há um ano, a China e a Rússia assinaram um acordo para criar uma estação espacial lunar, depois de as negociações entre os norte-americanos e os russos terem rompido. Em causa estava, de acordo com a agência espacial russa, a perspectiva de privatização e exploração comercial da Lua, definindo mesmo o programa lunar da NASA como um “grande projecto político”.
Primeiro lançamento da Austrália desde 1995
Perto do local de lançamento da CAPSTONE (a Nova Zelândia), houve outro feito histórico. Desde 1995 que não existia um lançamento espacial na Austrália. Este domingo, um foguetão da NASA foi lançado no recém-construído Centro Espacial de Arnhem, no norte da Austrália.
É ainda o primeiro lançamento de um foguetão da agência espacial norte-americana num centro espacial comercial fora dos Estados Unidos, com mais dois lançamentos nos próximos dias: a 4 e 12 de Julho.
Os lançamentos agora efectuados pretendem ajudar a estudar o impacto da luz de uma estrela nas condições de habitabilidade em planetas próximos. E com viagens curtas: de apenas 15 minutos.
O foguetão caiu na Terra apenas após 15 minutos, o tempo suficiente para recolher dados a partir de uma câmara de raio-x que permitem observar as estrelas Alpha Centauri A e B, que é o sistema estelar mais próximo de nós.
O sistema das Alpha Centauri apenas pode ser visto a partir do hemisfério sul, sendo que os dados recolhidos a partir destes três lançamentos permitirão conhecer melhor as condições destas estrelas e o que isso pode representar também no próprio conhecimento sobre a evolução das galáxias, conforme explicou Brad Tucker, astrofísico da Universidade Nacional Australiana.