O arraial que celebra o orgulho gay e a igualdade voltou a sair à rua em Lisboa

A 23.ª edição do Arraial Lisboa Pride volta à Praça do Comércio, em Lisboa. Numa celebração de orgulho, o evento organizado pela ILGA Portugal comemora a a diversidade, a igualdade e a inclusão da comunidade LGBTI+.

lgbt,questoes-sociais,identidade-genero,direitos-humanos,local,lisboa,
Fotogaleria
O Arraial Lisboa Pride é organizado pela ILGA Portugal desde 1997 Nuno Ferreira Santos
lgbt,questoes-sociais,identidade-genero,direitos-humanos,local,lisboa,
Fotogaleria
Foram muitos da comunidade LGBTI + que participaram no evento Nuno Ferreira Santos
lgbt,questoes-sociais,identidade-genero,direitos-humanos,local,lisboa,
Fotogaleria
Um arraial na cidade de Lisboa para celebrar a diversidade e a igualdade Nuno Ferreira Santos

No dia do Arraial Lisboa Pride, na Praça do Comércio, durante a tarde já se ouviam as batidas do trio de DJ Medusa. Ao som das palmas, a drag queen Cher No-Billz desfilava pelo palco. Às 16h, a multidão começava a juntar-se na praça. “Quanto mais visibilidade existir, melhor é para as pessoas se sentirem aceites”, diz Leonor Justo, que se identifica como uma pessoa queer. Para a jovem, a representatividade da comunidade LGBTI+ nos media foi importante para o seu autoconhecimento. A partir de um vídeo que descobriu no YouTube apercebeu-se de que os sentimentos que sentia por outras raparigas, e suprimia, eram normais. Compreendeu que não deveria esconder quem realmente é. Helena Cativo diz que descobrir-se foi complicado. Reprimia a atracção que sempre sentiu por mulheres. “O mais difícil é aceitarmo-nos. Mas a partir desse momento, o resto do processo torna-se mais fácil.”

A visibilidade de pessoas LGBTI+ em Portugal é o mote do Arraial Lisboa Pride, organizado pela Associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo, desde 1997. Para muitos, este é um momento “onde finalmente podem ser quem são, depois de tanto tempo dentro do armário”. Todos os anos celebra-se em Portugal o mês do orgulho LGBTI+. Mas tudo começou em Junho de 1969, quando membros da comunidade enfrentaram a polícia durante uma intervenção em Nova Iorque, no Stonewall Inn. A revolta ajudou a dar origem ao movimento de libertação homossexual e, um ano depois, à primeira Marcha do Orgulho Gay de Nova Iorque.

Na marcha, as pessoas erguem as bandeiras que representam as diferentes identidades. Há quem as use ao pescoço, ou as pinte na face. Adson Diego chegou trajado com a longa bandeira arco-íris, amarrada pelo pescoço, com o peito descoberto. Para o jovem de 28 anos, viver na Europa fez com que se sentisse à vontade para explorar a sua sexualidade. E, por isso, assumiu-se há um ano como pansexual. Sente-se atraído, romântica e afectivamente, por outras pessoas, independentemente da orientação sexual, identidade ou expressão de género.

No Brasil, país onde nasceu, diz que a religião ainda controla a mentalidade da sociedade, e as relações entre pessoas do mesmo sexo não são aceites. Lá, identificava-se como bissexual. Agora, confortável na sua pele, Adson exprime-se livremente neste sábado quente na Praça do Comércio, em Lisboa.

Adson Diego encontrou na Europa a liberdade para se expressar Nuno Ferreira Santos
O terreiro do paço esteve cheio de pessoas a celebrar a a diversidade e a igualdade Nuno Ferreira Santos
As purpurinas e os brilhantes não faltaram para dar cor à maior festa da população lésbica, gay, bissexual e transgénero Nuno Ferreira Santos
O Arraial Lisboa Pride é o maior evento LGBTI+ em Portugal Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Adson Diego encontrou na Europa a liberdade para se expressar Nuno Ferreira Santos

Também Íris Silva se identifica como pansexual. Mas, para esta jovem, a descoberta da identidade foi mais fácil. “Sempre soube” que se sentia atraída por pessoas do mesmo género. Leonor Marcelino passou por um processo confuso, mas afirma que foi fácil encontrar-se porque a família sempre foi aberta às questões do género e da sexualidade. A primeira vez que se deparou com homofobia foi na escola.

Já para Joana Filipa, assumir-se aos 12 anos como lésbica fez com que se tornasse alvo de bullying. Os amigos não a aceitaram. A família também não. Conta que lutou bastante para ser aceite. Agora, ao fim de um ano, diz que finalmente a respeitam.

Sugerir correcção
Comentar