Países do G7 divididos na imposição de limites ao preço do petróleo

França e Estados Unidos querem criar mecanismos que permitam limitar os preços do petróleo. A União Europeia mantém uma postura “cautelosa” quanto a esta ideia.

Foto
A cimeira do G7 teve início este domingo e decorre até terça-feira Reuters/JONATHAN ERNST

A imposição de limites aos preços do petróleo começa a ganhar adeptos, mas ainda está longe de vir a materializar-se. Este domingo, no arranque de uma cimeira que irá durar três dias, os representantes dos países membros do G7 debateram a ideia apresentada pelos Estados Unidos e, apesar do apoio manifestado por alguns, com os franceses à cabeça, há, para já, uma oposição de peso: a União Europeia mantém a “cautela”.

Desde o início da guerra na Ucrânia que a cotação do petróleo continua acima dos 100 dólares por barril, tendo chegado a ultrapassar várias vezes os 120 dólares. Por esta altura, o barril de Brent, negociado em Londres e que serve de referência para o mercado europeu, negoceia na casa dos 113 dólares, um valor seis vezes superior aos mínimos históricos que foram atingidos em Abril de 2020, quando o barril desta matéria-prima baixou dos 16 dólares.

Em consequência, por todo o mundo, os preços dos combustíveis têm disparado, agravando os efeitos de uma inflação já elevada. Em Portugal, tanto a gasolina simples como o gasóleo têm mantido preços médios acima dos 2 euros por litro nas últimas semanas. No sábado, segundo os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o preço médio da gasolina simples em Portugal continental foi de 2,106 euros por litro, enquanto o do gasóleo se fixou em 2,094 euros por litro.

É neste contexto, que é global, que os governos de todo o mundo têm procurado soluções para mitigar o impacto destes aumentos sobre as carteiras dos consumidores. Foi esse o caso dos Estados Unidos, que levou para a reunião do G7 uma proposta para que os países consumidores possam limitar o preço máximo do petróleo.

Este domingo, França declarou que “não se opõe, em princípio”, a esta proposta dos Estados Unidos, mas defende alterações. “O que seria muito mais poderoso para nós seria se colocássemos um preço máximo no petróleo que vem de todos os países produtores”, disse um representante de França à margem da cimeira do G7, citado pela Lusa. Na prática, os franceses defendem limites logo na origem, em vez de limites a serem decididos por cada país que importa a matéria-prima.

Mas a medida ainda passará por um longo processo de discussão, até porque, do lado da União Europeia, a ideia não está, para já, a ser bem acolhida. “Estou cauteloso, mas estamos prontos para entrar em detalhes. Estamos prontos para tomar uma decisão com os nossos parceiros, mas queremos garantir que o que decidimos terá um efeito negativo na Rússia e não um efeito negativo em nós próprios”, afirmou Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, citado pela Reuters.

A mesma postura de cautela está a ser adoptada pela União Europeia também no que diz respeito à decisão conjunta do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Japão a proibirem as importações de ouro russo. “Estas medidas atingirão directamente os oligarcas russos e irão até ao coração da máquina de guerra de Putin”, disse, em comunicado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. “Em conjunto com o G7, anunciaremos que proibimos a importação de ouro russo, uma importação de relevo que gera dezenas de milhões de dólares à Rússia”, disse ainda o presidente norte-americano, Joe Biden, através da sua conta no Twitter.

Já o presidente do Conselho Europeu diz que a União Europeia está “pronta para entrar em mais detalhes e ver se é possível incluir o ouro russo nas sanções de forma a atingir a economia russa e não a nossa própria economia”.

Sugerir correcção
Ler 11 comentários