Um em cada quatro casos da doença em todo o mundo foi confirmado esta semana

Em apenas três dias foram confirmados mais de 800 casos em países onde a doença não costuma estar presente. Portugal atinge os 317 casos.

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Apesar dos mais de 300 casos confirmados, Portugal ainda não tem plano para a administração das 2700 vacinas que chegam no final de Junho DADO RUVIC/Reuters

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) confirmou mais 13 casos de varíola-dos-macacos em Portugal: são já 317. Já há mais de 3000 pessoas infectadas em países onde o vírus não está habitualmente presente, com cerca de 85% dos casos confirmados no continente europeu.

O actual surto já afectou mais de 40 países, com Coreia do Sul e Singapura a confirmarem os primeiros casos no sudeste asiático esta quarta-feira. Um em cada quatro casos foram confirmados esta semana: em apenas três dias registaram-se 800 casos, mais de 25% do total desde a confirmação dos primeiros infectados, a 7 de Maio deste ano.

Todos os infectados em Portugal encontram-se estáveis e a receber acompanhamento clínico, mantendo-se um risco de transmissão baixo entre a população. A DGS adverte apenas para um risco acrescido no caso de pessoas com múltiplos parceiros sexuais.

Os 317 casos confirmados esta quarta-feira foram todos diagnosticados em homens, a maioria com menos de 40 anos. A varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) apesar de no surto actual afectar maioritariamente homens, não é uma doença exclusiva de qualquer fatia da população – existem casos confirmados em mulheres em vários países europeus. A incidência do VMPX será motivada pelos primeiros locais de exposição conhecidos e já avançados pelas autoridades de saúde, como a DGS: saunas para encontros sexuais e viagens ao exterior.

O vírus transmite-se a partir de contactos próximos ou com as lesões provocadas pela doença. As gotículas grandes (como tosse ou espirros) e o contacto com materiais contaminados também são um potencial meio de transmissão do VMPX.

Portugal vai receber até ao final de Junho 2700 doses de vacinas de terceira geração, a partir do acordo de compra conjunta encabeçado pela Comissão Europeia. Apesar de quase todos os países com números superiores a uma centena de casos já terem iniciado o processo de vacinação ou apresentado o seu plano para a administração da vacina, a DGS ainda não publicou a norma que regulamentará este processo de vacinação.

Desde 23 de Maio que este processo está a ser estudado, de acordo com a DGS, pela coordenação do Programa Nacional de Vacinação, pelo Infarmed e pela Comissão Técnica de Vacinação.

A vacinação tem sido recomendada, inclusive pela Organização Mundial da Saúde, para os contactos próximos de casos confirmados ou suspeitos, bem como para profissionais de saúde e técnicos de diagnóstico em contacto com o VMPX.

Reino Unido alarga vacinação

As autoridades britânicas emitiram esta terça-feira a recomendação de vacinação a homens gay e bissexuais por considerar que estarão em maior risco de exposição ao VMPX. Apesar de qualquer pessoa poder contrair a doença, a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês) aponta que os dados mostram que a maioria das transmissões ocorre em “redes sexuais de homens gay, bissexuais e outros homens que têm sexo com homens.”

Tanto a Organização Mundial da Saúde como o Centro Europeu de Controlo de Doenças têm reforçado, no entanto, que qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus.

A recomendação de vacinação pela UKHSA, de acordo com a informação publicada, poderá ser dada a pessoas com múltiplos parceiros sexuais, que participam em sessões de sexo em grupo ou que têm relações sexuais com desconhecidos.

A UKHSA recomendou, numa primeira instância, apenas a vacinação de contactos próximos e profissionais de saúde, tendo sido o primeiro país a administrar doses da Imvanex, a vacina de terceira geração que também chegará a Portugal no final deste mês.

O Reino Unido é o país com mais casos confirmados neste surto, com 793 pessoas infectadas no território britânico.

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