Afinal, o “maior evento LGBT+ de sempre em Portugal” não vai acontecer
Depois de, no início de Junho, se ter anunciado que o LGBT+ Music Festival aconteceria num “formato diferente” do previsto, a organização acabou por confirmar nas redes sociais que o evento não vai mesmo acontecer. Os compradores dos bilhetes ainda não foram reembolsados.
Foi anunciado como “o festival do ano”, em Fevereiro, mudou para um “formato diferente” no início de Junho, mas afinal não vai mesmo acontecer. A organização do LGBT+ Music Festival publicou esta segunda-feira, 20 de Junho, um comunicado nas redes sociais a anunciar o cancelamento do evento.
“É com o coração pesado que temos de anunciar que tomamos a decisão devastadora de cancelar o LGBT+ Music Festival. Pedimos desculpa por anunciá-lo tão perto do festival, mas tentamos mesmo fazer de tudo o que podíamos para fazer o evento numa escala menor”, pode ler-se no comunicado.
No final do texto, a organização revela ter enviado um e-mail para quem comprou bilhetes, com informações sobre o reembolso do valor pago.
O e-mail enviado aos lesados, ao qual o P3 teve acesso, contém uma mensagem quase integralmente idêntica ao texto do comunicado publicado nas redes sociais. No entanto, no fim do mesmo há um link que direcciona os compradores para o site da Festicket, empresa que fornece os bilhetes do festival.
Hugo Peixinho, que comprou o passe geral em pré-venda, conta ao P3 que contactou directamente a Festicket para perceber como deveria proceder para conseguir o reembolso. Por e-mail, a empresa respondeu: “Estamos à espera de receber os fundos por parte do LGBT festival. Assim que os recebermos, poderemos proceder com o reembolso”. Hugo confessa ter começado a “desconfiar que algo não estava certo quando, a um mês do festival, eles simplesmente desapareceram das redes sociais e a Gloria Groove confirmou um concerto no mesmo dia, mas em vez de ser no Porto, em Lisboa”. Agora, o cancelamento não o apanha de surpresa.
“O cancelamento não me surpreende em nada porque, de facto, já estava à espera que isso fosse acontecer depois do anúncio de que o festival iria decorrer em moldes diferentes. Este é o Fyre Festival 2.0 versão europeia”, diz.
Miguel Ángel Rivas, músico espanhol conhecido como Miago, também comprou o bilhete General Plus, de 90 euros. No entanto, sendo natural de Espanha, gastou mais de 300 euros entre bilhete, despesas de transporte e alojamento. “Perdi quase 200 euros só em transportes”, revela. Natural de Sevilha, Miguel conta que não conseguiu a devolução do dinheiro gasto em transportes. O jovem estudante conta que espera conseguir o dinheiro do bilhete de volta. “Espero que eles nos paguem. É ainda mais importante quando és estudante, que é o meu caso”, desabafa. Caso não consiga reaver o investimento, Miguel pondera avançar para medidas legais: “Se não conseguir o meu dinheiro de volta, gostaria de falar com outros clientes e tentar queixar-me a uma instituição maior. Começar um processo legal, se for possível”. Questionado sobre se acha que vai conseguir reaver o dinheiro, confessa: “Honestamente, acho que não.”
O Festival LGBT+ Music Festival estava preparado para decorrer na Alfândega do Porto de 1 a 3 de Julho e contava com nomes como Iggy Azalea, Bebe Rexha, Melanie C, Blaya e Favela La Croix. No início de Junho, a organização anunciava uma edição em formato diferente do previsto. A advogada Joana Cadete Pires, que representa a promotora do festival, Apollon, disse ao P3, no início do mês, que a promotora preferia realizar “um festival em moldes diferentes” do que “cancelar o evento na sua totalidade”.
Em Maio, tanto o ex-director do festival, Marco Azevedo, como o ex-director de marketing que representou o festival em conferências da Aporfest, Pedro Abelha, abandonaram os cargos e a empresa. Nenhum dos dois revelou ao P3 as razões para a saída. O P3 tentou contactar os organizadores do LGBT+ Music Festival, mas não obteve qualquer resposta.
Texto editado por Ana Maria Henriques