Rússia, apps de romance e criptomoedas no menu da Collision
Evento irmão da Web Summit regressa ao Canadá. O antigo campeão de xadrez russo Garry Kasparov sobe ao palco para falar do impacto da desinformação e da tecnologia na situação na Ucrânia.
Há anos que o antigo campeão mundial de xadrez russo Garry Kasparov alertava repetidamente sobre as tendências ditatoriais de Vladimir Putin. Poucos o ouviram. Esta semana, o estratego e activista político, que deixou a Rússia em 2017, é uma das figuras a subir ao palco principal da Collision, o evento irmão da Web Summit, no Canadá, para falar sobre o impacto da desinformação e o papel dos ciberataques na guerra na Ucrânia.
Depois de dois anos presa ao ecrã devido à pandemia da covid-19, a Collision regressa à América do Norte nesta segunda-feira, em formato presencial. O PÚBLICO estará a cobrir as sessões directamente do Canadá.
Além da guerra na Ucrânia, em 2022, o futuro das criptomoedas e o impacto das redes sociais e apps de romance nos mais novos são alguns dos temas que passam pelo palco principal. Ao todo, há 36 startups portuguesas entre as participantes da feira, que vai juntar mais de 35 mil pessoas de todo o mundo.
Tal como a cimeira de Lisboa, o evento é metade feira de startups, metade ponto de encontro para políticos, celebridades, activistas, líderes de empresas de tecnologia e cientistas falarem sobre os desafios da sociedade e da tecnologia.
A abertura do festival, às 22h (hora de Lisboa) desta segunda-feira, no centro Enercare, em Toronto, dá destaque aos NFT (essencialmente, recibos registados na blockchain), a novas plataformas de ensino para crianças e à possibilidade de a tecnologia dar origem a sociedades distópicas, onde os algoritmos são usados para controlar. A sessão inclui a participação do presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, da actriz Lupita Nyong'o, da escritora Margaret Atwood, de Roham Gharegozlou (criador de uma popular plataforma de NFT) e de Lucrezia Bisignani, que fundou uma empresa de entretenimento para levar crianças de todo o mundo até às STEM (sigla inglesa que se refere às áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
Durante a semana, também haverá tempo para falar do futuro das startups, numa altura em que o Facebook e a Amazon abrandaram o ritmo de contratações devido ao impacto da guerra na Ucrânia na economia dos Estados Unidos e União Europeia.
Startups portuguesas vão a Toronto
Apesar de o evento reunir menos participantes do que a versão em Lisboa, junta mais startups. Cerca de 1500 empregas emergentes vão a Toronto mostrar os seus projectos a jornalistas e investidores — 250 a mais do que as que vieram a Portugal, em Novembro. As ofertas portuguesas incluem a Cityoo (plataforma digital que monitoriza a sustentabilidade da expansão das cidades), a Dhabibic (plataforma para prevenir infecções em ambiente hospitalar) e a Open World Domains (fornece e organiza dados para as empresas treinarem sistemas de inteligência artificial mais precisos).
Os bilhetes para a edição presencial esgotaram-se na semana passada. São esperadas cerca de 35 mil pessoas esta semana no Collision (o máximo autorizado, mas sete mil a menos do que na Web Summit 2021): 900 oradores, 1500 startups, 850 investidores e 1200 jornalistas de mais de 140 países. O evento arranca nesta segunda-feira e dura até quinta-feira, 23 de Junho.
A Collision é um dos vários eventos organizados pela Web Summit em todo o mundo. O portfólio de Paddy Cosgrave também inclui o evento principal, em Lisboa, e a Rise, em Hong Kong. A Web Summit Rio estreia-se em 2023, na cidade de Rio de Janeiro, no Brasil.
O PÚBLICO viajou a convite da Web Summit.