Ordem alerta para falta de médicos de todas as especialidades durante o Verão
Presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos visitou o Serviço de Urgência de Obstetrícia das Caldas da Rainha. Quer saber “que medidas vão ser implementadas”, uma vez que não se pode “ter pensos rápidos como a contratação de estrangeiros, ou uma formação à pressa, ou ter profissionais menos qualificados a fazer determinadas funções para tapar este buraco eternamente”.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos alertou para a necessidade de prevenir a falta de médicos de todas as especialidades durante o Verão, vincando que as carências não são apenas na obstetrícia.
“Não me parece haver na próxima semana tantos hospitais, ao mesmo tempo com tantos serviços em risco de ruptura. Era importante perceber como é que vai ser o Verão, em toda as especialidades e não apenas nesta”, afirmou Alexandre Valentim Lourenço, nas Caldas da Rainha, onde este sábado visitou o Serviço de Urgência de Obstetrícia.
Aludindo à criação de uma Comissão de Acompanhamento em Obstetrícia, na sequência dos casos recentes de encerramento temporário das urgências por falta de profissionais, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM) lembrou que não existem, nem fariam sentido, comissões de acompanhamento para outras especialidades, apesar de faltarem “ortopedistas, anestesistas e pediatras”, entre outros.
Alexandre Valentim Lourenço sublinhou a necessidade de “mudanças estruturais” no Serviço Nacional de Saúde (SNS) que, defende, dever ser assente “em outros princípios técnicos, de boa retribuição, conhecimentos profissionais e em que seja possível ser-se feliz a trabalhar”, como o garante para a fixação de médicos no serviço público.
Princípios que, reconhece, “foram assumidos pela tutela” e em relação aos quais os médicos exigem saber “que medidas vão ser implementadas”, uma vez que não se pode “ter pensos rápidos como a contratação de estrangeiros, ou uma formação à pressa, ou ter profissionais menos qualificados a fazer determinadas funções para tapar este buraco eternamente”.
O dirigente da Ordem dos Médicos falava à agência Lusa nas Caldas da Rainha, onde visitou as Urgências de Obstetrícia, por no início da semana ter tido notícia de que “não haveria médicos escalados para este fim-de-semana”.
A situação acabou por não se verificar, com o recurso “a empresas de tarefeiros que contrataram médicos já reformados ou que já pertenceram a este hospital, há dez anos que se voluntariaram, pelos valores de empresas tarefeiros para substituir e manter este sistema aberto”.
Uma solução apelidada por Alexandre Lourenço de “um penso rápido, um remendo que impede as mudanças estruturais”, quer a nível nacional, quer neste hospital em concreto, onde hoje verificou existir “muito movimento para os poucos médicos”, dando como o exemplo a especialidade de Anestesia, suprida este sábado com a vinda de um médico de Coimbra.
As urgências de hospitais em várias zonas do país voltam este fim-de-semana a registar constrangimentos e encerramentos, nomeadamente em Braga, no Algarve, em Setúbal e em Santarém.
Depois de terem encerrado às 20h de sexta-feira, por impossibilidade de se completarem as escalas de trabalho necessárias, as urgências de ginecologia e obstetrícia de Braga reabrira sábado às 8h mas estava já anunciado novo encerramento a partir das 8h de domingo e até às 8h de segunda-feira.
O Hospital de Santarém adiantou que terá limitações no bloco de partos e cirurgia traumatológica durante sábado e domingo, por falta de anestesistas, o que iria obrigar ao reencaminhamento de doentes urgentes para outros hospitais da rede.
No Algarve, o centro hospitalar e universitário também continua a registar dificuldades em assegurar as escalas de médicos, o que levou a unidade de Portimão a encerrar as urgências de ginecologia e obstetrícia até às 9h de segunda-feira.
Em Lisboa e Vale do Tejo, a Administração Regional de Saúde (ARSLVT) referiu que as urgências de ginecologia e obstetrícia do Centro Hospitalar de Setúbal encerraram às 9h de sábado devido a doença súbita de um dos profissionais e manter-se-ão encerradas até às 9h da manhã de domingo.