Dúvida: onde posso depositar carregadores inutilizados?
A União Europeia vai adoptar um carregador universal para simplificar a vida dos consumidores e reduzir o impacte ambiental. Qual deve ser o destino dos carregadores actuais, quando estes ficarem inutilizados?
Os carregadores de telemóveis, tablets e câmaras vão passar a ser universais a partir do Outono de 2024, o que significa que, à medida que os aparelhos actuais ficarem obsoletos ou inutilizados, muitos mais cabos estarão a ser descartados. Qual é o destino correcto destes resíduos? Vão para o lixo comum ou podem ser valorizados?
Em termos de reciclagem, nada muda com a decisão da União Europeia de aprovar um carregador com cabo tipo USB-C. Uma vez inutilizados, estes acessórios devem ser depositados em pontos de recolha da Electrão, que é o destino correcto a dar a todos os equipamentos eléctricos e electrónicos em fim de vida.
“O Electrão disponibiliza uma rede com mais de 7 000 locais onde é possível depositar equipamentos eléctricos usados. Os carregadores em fim de vida são recolhidos através do fluxo de pequenos equipamentos eléctricos, que inclui uma panóplia de electrodomésticos, aparelhos informáticos e de telecomunicações, entre outros”, afirma Pedro Nazareth, director-geral da associação de gestão de resíduos Electrão. Esta entidade é responsável, no âmbito da responsabilidade alargada do produtor, por gerir resíduos de equipamentos eléctricos ou electrónicos, pilhas e acumuladores em Portugal.
O responsável explica, numa nota enviada ao PÚBLICO, que este fluxo de pequenos equipamentos é encaminhado para operadores de tratamento. Parte deles opta “por separar os carregadores num passo prévio ao processamento para reciclagem”. Não está prevista, para já, a criação de um fluxo específico de carregadores na sequência da decisão de Bruxelas de adoptar o carregador com cabo do tipo USB-C como o modelo universal, evitando assim que cada marca tenha o seu próprio modelo com entradas diferentes.
Sabia que...
...o Princípio da Responsabilidade Alargada do Produtor está em vigor em Portugal há 25 anos, obrigando quem produz embalagens, pneus, óleos minerais, equipamentos eléctricos e electrónicos, veículos, pilhas e acumuladores ao pagamento de um “ecovalor” (usado para cobrir os custos de triagem e recolha desses resíduos)?
“Se o volume de carregadores usados enviados para reciclagem aumentar, esta etapa prévia de separação de carregadores poderá fazer ainda mais sentido”, afirma Pedro Nazareth no mesmo documento. O responsável frisa que, independentemente da metodologia adoptada na fase de tratamento, os sistemas já estão hoje preparados para valorizar os diversos tipos de carregadores inutilizados que chegam aos pontos de recolha. A adopção do carregador com cabo universal, tão esperada por muitos consumidores, não vai alterar este modelo de funcionamento.
“Mais do que equacionar a criação de um novo fluxo, no âmbito da gestão de equipamentos eléctricos, fará sentido reforçar a rede de recolha. Esta tem sido a aposta do Electrão”, acrescenta o director-geral. De acordo com a entidade, o número de pontos de recolha de equipamentos eléctricos, pilhas e baterias cresceu 23% no ano passado.
Caso não saiba onde ficam os pontos de recolha mais próximos, pode pesquisar na página Onde Reciclar os locais em que pode depositar equipamentos eléctricos em fim de vida. No caso dos cabos e carregadores, deve seleccionar a opção “equipamentos de pequenas dimensões” entre os vários tipos de resíduos.
“Os pontos de recolha de carregadores e outros equipamentos eléctricos usados estão localizados em múltiplos espaços, de norte a sul do país. É possível entregá-los em quartéis de bombeiros, escolas, empresas, centros comerciais, sistemas municipais, e até agrupamentos de escuteiros”, exemplifica Pedro Nazareth.
A União Europeia anunciou no passado dia 7 de Junho que os consumidores não precisarão mais de carregadores e cabos diferentes para os aparelhos portáteis de pequena e média dimensão. Por outras palavras, vão ser menos frequentes situações desagradáveis em que temos o telemóvel sem bateria porque esquecemos o respectivo cabo em casa e, simultaneamente, nenhum dos nossos colegas ou amigos possui acessórios compatíveis.
A medida vem não só simplificar a vida das pessoas, mas também reduzir o impacte ambiental destes produtos. Segundo estimativas citadas pelo Parlamento Europeu, os carregadores velhos geram 51 mil toneladas de lixo electrónico por ano. Os cabos que “alimentam” dispositivos electrónicos de pequeno e médio porte são compostos sobretudo por plástico, cobre, alumínio e aço. Estes materiais podem e devem ser valorizados, ou seja, reciclados e reaproveitados para o fabrico de novos aparelhos. Assim, evitamos a extracção de mais recursos não renováveis do planeta.