Aulas a acabar, aprendizagens perdidas a continuar
No meio de tanta evidência sólida sobre o desastre do ensino remoto, o país no canto da Europa que, segundo a OCDE, está no topo da tabela de período de encerramento de escolas básicas, parece viver numa realidade paralela.
No final de maio, estive em Londres numa conferência científica na qual um dos oradores convidados era Stephen Manchin, da London School of Economics. Manchin apresentou o seu trabalho recente com colegas da LSE, que mostra como a perda de competências dos alunos mais desfavorecidos causada pela pandemia vai afetar a mobilidade social. Pré-pandemia, estimam que no Reino Unido um aumento de 10% do rendimento da respetiva família origina um aumento no rendimento do filho, quando adulto, de 3,8%. Pós-pandemia, esta medida de transmissão intergeracional de rendimento aumenta em mais de 11%, o que acentua as desigualdades. Os autores avisam: são necessárias políticas radicais (leu bem: radicais!) para sarar as cicatrizes que a pandemia deixou nesta geração.
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