Guerra na Ucrânia causou o maior aumento no custo de vida de uma geração, avisa ONU
“O efeito cascata do conflito” é o aspecto que António Guterres mais sublinha e acredita que vai custar o aumento do custo de vida a esta e às próximas gerações - tanto em países mais pobres como mais ricos.
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A invasão russa da Ucrânia, lançada pelo Presidente da Rússia, Vladimir Putin, a 24 de Fevereiro, causou o maior aumento do custo de vida em todo o mundo numa só geração, de acordo com um relatório publicado esta quinta-feira pelo Grupo de Resposta a Crises Globais das Nações Unidas.
“O efeito cascata do conflito está a espalhar o sofrimento humano muito além das suas fronteiras. A guerra, em todas as suas dimensões, exacerbou uma crise global de custo de vida nunca antes vista em, pelo menos, uma geração”, assegurou a ONU num comunicado que salienta também que as consequências da guerra comprometeram os objectivos da Agenda 2030 que a organização tinha em vista.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu que, passados três meses desde a invasão russa da Ucrânia, “o mundo está a enfrentar uma nova realidade” e acrescentou que “os países mais vulneráveis já estão a ser atingidos colateralmente.”
“Pessoas vulneráveis e países vulneráveis já estão a ser duramente atingidos, mas não se deixem enganar: nenhum país ficará intocado por esta crise de aumento do custo de vida”, alertou Guterres.
De acordo com o relatório, mais de 1,6 mil milhões de pessoas em 94 países estão severamente expostas a pelo menos uma dimensão da crise, já que o aumento dos preços do milho e do trigo fez com que a família média global perdesse mais de 1,5% do seu poder de compra desde o início da guerra.
No entanto, há países em que este poder de compra foi mais afectado. É o caso da Arménia, que perdeu 7,71%, da Geórgia, que perdeu 5,53%, do Quirguistão, que perdeu 5,23%, do Tajiquistão, que perdeu 4,87%, ou da Mauritânia, que perdeu 4,31%.
Para além disto, as Nações Unidas apontam para um “aumento recorde” dos preços da energia, que está a gerar apagões e escassez de combustível em rodo o mundo, especialmente em África.
Guterres pediu, novamente, o fim da invasão da Ucrânia pela Rússia como a única solução para conter a “tempestade que se aproxima”, e pediu a funcionários da ONU que coordenem dois grupos de trabalho para ajudar a encontrar soluções para a exportação segura de alimentos produzidos na Ucrânia.
“Na realidade, há apenas uma maneira de parar esta tempestade que se aproxima: a invasão russa da Ucrânia deve acabar. A morte e a destruição devem parar. Uma solução pacífica deve ser encontrada de acordo com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas. Mas até que isso aconteça, precisamos de acção imediata em duas frentes”, disse o secretário-geral das Nações Unidas.