Borràs substitui Puigdemont na liderança do partido independentista Juntos pela Catalunha
Ex-presidente da Generalitat despede-se com críticas a Sánchez e à ERC, parceiro e líder da coligação que governa a Catalunha. Presidente do parlamento catalão foi eleita com 78% dos votos dos militantes, reunidos em França.
Reunido em congresso, o partido independentista Juntos pela Catalunha (Junts) elegeu este sábado nova liderança. Trata-se de Laura Borràs, presidente do parlamento da Catalunha, que foi eleita com 78% dos votos dos militantes.
Borràs vai substituir Carles Puigdemont, antigo presidente do governo catalão, que abandonou o território na sequência da declaração unilateral de independência da Catalunha, em Outubro de 2017, e que está indiciado em Espanha por crimes de sedição, rebelião e desvio de fundos.
O eurodeputado despediu-se da chefia do partido de centro-direita com muitas críticas ao Governo de Pedro Sánchez, mas também à Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), o partido que lidera a coligação que governa a Catalunha e que integra o Junts.
“Alguns instalam-se na normalidade, na reconciliação e numa pacificação que lhes permita fortalecer um partido e dar prioridade ao bem-estar dos seus quadros. Mas isso tem consequências catastróficas para os cidadãos”, afirmou Puigdemont, citado pelo El Mundo.
Em Argelès-sur-Mer, em França – local escolhido para o congresso para que Puigdemont e outros políticos independentistas que saíram do país pudessem participar –, o ex-presidente da Generalitat defendeu que “perante tanta confusão e desmobilização”, o Junts é a “única ferramenta que se mantém comprometida e útil para completar o processo de independência”.
Para além disso, deixou algumas indirectas a Gabriel Rufián, porta-voz da ERC no Parlamento de Madrid, depois de este ter dado a entender, recentemente, que não via com bons olhos o “exílio” auto-imposto por alguns políticos independentistas.
“Não é normal ter de ir visitar alguém a Waterloo [Bélgica]”, concordou. “Mas o normal e decente é irem visitar para que não se sinta sozinho, para que se sinta bem acompanhado”, acrescentou, porém.
Criticando o diálogo entre PSOE e ERC, Puigdemont acusou o Governo socialista de “mentir” e de “considerar os catalães como cidadãos de segunda ou de terceira”. “Castigam-nos porque mantivemos a maioria independentista”, denunciou.