Metro de Lisboa vai reduzir oferta para não sobrecarregar trabalhadores

Os quatro sindicatos representativos estiveram reunidos com o ministro do Ambiente e da Acção Climática, que admite ser “inevitável o aumento dos recursos humanos”. Enquanto o número de operacionais não aumentar, será tomada esta medida de redução da oferta por parte da empresa.

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O ministro do Ambiente e da Acção Climática admitiu que o Metropolitano de Lisboa precisa de mais trabalhadores Nicolau Botequilha

A administração do Metropolitano de Lisboa comprometeu-se a reduzir a oferta do serviço para não sobrecarregar mais o horário dos funcionários, adiantaram na sexta-feira os sindicatos representativos dos trabalhadores à saída de uma reunião com o Governo.

Num dia em que se realizou mais uma greve parcial dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, os quatro sindicatos representativos estiveram reunidos com o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, e com o presidente do conselho de administração do Metropolitano de Lisboa, Vítor Santos.

À saída do encontro, em declarações aos jornalistas, Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), referiu que se tratou de “uma reunião de trabalho”, na qual “se tentou ver alguns compromissos por parte da tutela, mas para os quais ainda não há uma resposta definitiva”.

“Acabou por ser assumido que o Conselho de Administração vai tentar fazer um esforço, a partir de segunda-feira, para nos apresentar uma proposta de um horário que venha reduzir a oferta e aliviar o peso que está sobre os trabalhadores operacionais, mas é insuficiente. Ficou de se ver também algumas respostas que ficaram pendentes e que seriam dadas durante a próxima semana”, apontou a sindicalista.

Anabela Carvalheira ressalvou que esta medida de redução da oferta será tomada pela empresa enquanto não existir um aumento do número de operacionais, situação que, para a sindicalista, é a origem dos “principais problemas que existem no Metropolitano de Lisboa”.

“Saímos confortáveis porque, pela primeira vez, o presidente do Conselho de Administração assumiu, em frente ao senhor ministro, que sem ovos não se fazem omeletes e que sem trabalhadores nós não podemos ter o metro a funcionar”, sublinhou.

Relativamente ao pré-aviso de greve entregue para o mês de Junho ao trabalho suplementar e aos eventos especiais (estando em risco o prolongamento do horário habitual durante os Santos Populares), a sindicalista ressalvou que tudo dependerá da decisão dos trabalhadores.

“O pré-aviso está entregue. Falaremos com os trabalhadores e decidiremos entre nós”, apontou.

Na noite de Santo António, de 12 para 13 de Junho, as linhas Verde e Azul do metro têm tido o horário prolongado devido às festas populares, que este ano voltam à rua depois de dois anos sem se realizarem devido à pandemia de covid-19.

Estiveram nesta reunião a Fectrans, o STTM - Sindicato dos Trabalhadores da Tracção do Metropolitano de Lisboa, o SINDEM - Sindicato Independente de Todos os Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa e o STMetro - Sindicato dos Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa.

Ministro do Ambiente reconhece que “é inevitável” contratar mais trabalhadores

O ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, admitiu que o Metropolitano de Lisboa precisa de mais trabalhadores e disse que até ao final deste mês serão iniciados os procedimentos para essas contratações. “É inevitável o aumento dos recursos humanos, nomeadamente de maquinistas no metro, e nós sabemos que temos de o fazer”, disse.

De acordo com o governante, da parte dos sindicatos há pedidos para um reforço imediato de 30 maquinistas e Duarte Cordeiro garantiu estar a “trabalhar para durante este semestre poder confirmar o reforço dos trabalhadores e fazer o que é a necessária progressão interna para a carreira de maquinista”. O ministro explicou que os trabalhadores que venham a ser contratados não entram no imediato para a função de maquinista e que há também a possibilidade de ser aberto concurso interno dentro do Metro de Lisboa especificamente para essa função.

Duarte Cordeiro frisou que irá “procurar contabilizar o que são, no imediato, medidas que permitam melhorar as condições de trabalho e ao mesmo tempo desbloquear aquilo que é a greve ao trabalho suplementar, que também afecta aquilo que é a actividade do metropolitano de Lisboa”. Segundo o ministro é possível “chegar a bom porto” nas negociações com os sindicatos.

“Há consciência de que são necessárias medidas, por um lado, algumas de natureza operacional que melhorem as condições de trabalho dos trabalhadores, por outro lado medidas que permitam reforçar os trabalhadores do metro de Lisboa, reforço esse que será inevitável, para o qual estamos a trabalhar e que esperamos em muito breve prazo dar resposta”, apontou. Com isto, Duarte Cordeiro espera que seja possível “desconvocar as greves ao período suplementar”.

Texto actualizado às 16h16: acrescenta as considerações do ministro do Ambiente.