EUA preparam-se para enviar sistemas de rockets de longo alcance para a Ucrânia
Administração de Joe Biden responde a pedido urgente de Volodymyr Zelenski. Sistemas de armamento podem disparar obuses a centenas de quilómetros.
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Os EUA estão a preparar-se para enviar sistemas avançados de rockets de longo alcance para a Ucrânia depois de um pedido urgente das autoridades ucranianas, disseram várias autoridades citadas pela CNN.
A administração Biden está, assim, inclinada a enviar os sistemas como parte de um pacote maior de assistência militar e de segurança à Ucrânia, que poderá ser anunciado já na próxima semana.
Autoridades ucranianas, incluindo o Presidente Volodymyr Zelensky e o ministro dos Negócios Estrangeiros Dmitro Kuleba, pediram, nas últimas semanas, que os EUA e os seus aliados forneçam à Ucrânia sistemas de lança-rockets múltiplos, ou MLRS, que podem disparar vários rockets a centenas de quilómetros, muito mais longe do que qualquer um dos sistemas que a Ucrânia possui actualmente, nota o diário britânico The Guardian.
Ainda esta quinta-feira, Kuleba reconheceu que a Rússia tem vantagem em termos de armas e que a Ucrânia necessita de “mais armas pesadas”. “Sem isso, não seremos capazes de empurrá-los para fora do nosso país”, afirmou numa publicação na sua página oficial do Twitter.
“Os sistemas de armas fabricados nos EUA podem disparar uma enxurrada de rockets a centenas de quilómetros, muito mais longe do que qualquer um dos sistemas que a Ucrânia já possui”, sublinhou.
Spoke with my German counterpart @ABaerbock and briefed her on the difficult situation in the Donbas. We need more heavy weapons delivered as soon as possible, especially MLRS, to repel Russian attacks. Also discussed further sanctions on Russia and Ukraine’s EU candidate status.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) May 26, 2022
Contudo, especialistas militares vêm este envio como uma possível reviravolta e um grande apoio às forças militares ucranianas. Citados pela Sky News, afirmam que o facto de estes sistemas poderem “disparar 12 obuses em menos de um minuto, intensifica significativamente o alcance da artilharia ucraniana”.
O major-general aposentado do Exército australiano, Mick Ryan, disse que o fornecimento destes sistemas à Ucrânia seria, para a Rússia, “um revés estratégico bastante forte e bem pensado”, acrescentando: “São necessários o mais rapidamente possível e em quantidades que possam, efectivamente, fazer a diferença”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, apoia a entrega destes Sistemas de Lançamento Múltiplo de Foguetes (MLRS) à Ucrânia para capacitar as suas forças em operações contra a invasão russa.
Estes sistemas permitem o lançamento de mísseis guiados e de longo alcance capazes de atingir, inclusivamente, o território russo, uma vez que podem atingir alvos a 300 quilómetros de distância. É, assim uma aposta ofensiva que, na opinião de Johnson, é um caminho a percorrer ao invés de tentar chegar a um acordo de paz com o Presidente russo Vladimir Putin.
Neste sentido, Johnson pediu aos EUA e aos países aliados que tomem esta decisão em breve, porque a Rússia “continua a comer terreno"e no leste do país, onde tem vindo a concentrar as suas operações. Esta sexta-feira Johnson revelou que “apesar de lento”, o progresso russo já é “palpável”.
Nas últimas semanas, a Rússia intensificou os ataques no Leste da Ucrânia, onde as forças ucranianas estão em desvantagem numérica e a necessitar de mais armamento.
A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os sectores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou ainda, na passada quinta-feira, que 3974 civis morreram e 4654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.