Portugal tem de estar atento a “velhas ameaças” de doenças, como a poliomielite, diz Graça Freitas
O surto de poliomielite, uma doença infecciosa sem cura que só pode ser prevenida com vacinas, que surgiu recentemente em Moçambique levou a directora-geral da Saúde a realçar a importância do Plano Nacional de Vacinação como forma de prevenir o ressurgimento de doenças.
A directora-geral da Saúde defendeu esta terça-feira, 24 de Maio, a importância do Plano Nacional de Vacinação, alertando que Portugal pode estar sujeito a “velhas ameaças” de doenças, como a poliomielite, que recentemente registou um surto em Moçambique.
“Temos todos de pugnar pela continuidade e sustentabilidade do processo de vacinação e estarmos sempre muito atentos à reemergência de velhas ameaças”, referiu Graça Freitas, no encerramento da conferência “O contributo da vacinação para um envelhecimento saudável em Portugal”, promovida pela biofarmacêutica GSK e pelo PÚBLICO.
“Soube há pouco tempo — e fiquei muito triste — que em Moçambique reemergiu a poliomielite”, adiantou a directora-geral da Saúde, para quem essa situação vem demonstrar que “há sempre a hipótese de importar casos e, a partir dessa introdução no país, virem a desenvolver-se focos de uma doença” que está erradicada na Europa.
Em 18 de Maio, o escritório africano da Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou um surto de poliomielite em Moçambique, declarado pelas autoridades sanitárias locais depois de confirmada a doença numa criança, no interior do país.
Atribuído ao poliovírus selvagem, trata-se do primeiro caso em Moçambique desde 1992 e foi identificado numa criança da província de Tete, no Nordeste, que começou a sentir paralisia no final de Março. A poliomielite é uma doença infecciosa sem cura que afecta sobretudo as crianças com menos de cinco anos e que só pode ser prevenida com a vacina.
O último caso de poliomielite, com paralisia por vírus selvagem, registado em Portugal verificou-se em 1986, estando a doença oficialmente eliminada desde 2002, por certificação europeia concedida pela OMS.
Para Graça Freitas, a vacinação, além de ser um direito e um dever, constitui também “um ato de solidariedade, porque há pessoas que não se podem vacinar por alguma condição especial”.
“Elas ficam protegidas se nos protegermos”, sublinhou a directora-geral da Saúde, ao salientar que o Programa Nacional de Vacinação, criado em 1965, é universal, gratuito e acessível a todas as pessoas residentes em Portugal.
Antes de ter sido nomeada para o cargo de directora-geral da Saúde em 2017, Graça Freitas foi chefe da divisão de doenças transmissíveis da DGS, coordenando o Programa Nacional de Vacinação e presidindo à Comissão Técnica de Vacinação.