EQE, a nova limousine desportiva da Mercedes com olho no futuro
É o segundo modelo da marca alemã desenvolvido com uma arquitectura especificamente para eléctricos. Espaçoso, com um design futurista e uma elevada autonomia, o novo EQE alia o luxo à sustentabilidade.
Com o novo EQE, já disponível no mercado português apenas alguns meses depois do lançamento da primeira limousine de luxo totalmente eléctrica, o EQS, a Mercedes-EQ reafirma a sua aposta na sustentabilidade. A mensagem da marca alemã é clara: o futuro do sector automóvel será inseparável da electrificação e nem o luxo nem o conforto ficarão comprometidos. O EQE trata-se de um carro de “luxo moderno”, que reaproveita materiais como fibras de cacto e redes colhidas nos oceanos na sua construção e que permite alcançar uma autonomia de 654 quilómetros, assumindo assim a segunda posição na lista dos carros com mais autonomia — melhor do que os Tesla e só ligeiramente pior do que o seu modelo-irmão, o EQS, que pode atingir os 784 quilómetros, de acordo com o Guia do Automóvel.
A grande diferença do EQE, que é a primeira limousine eléctrica da classe E, para o EQS é o seu aspecto mais atlético e as dimensões mais reduzidas que o tornam mais apropriado para cidades. Apresenta igualmente uma arquitectura desenvolvida especificamente para veículos eléctricos, o que lhe concede um interior espaçoso. O comprimento do habitáculo ganha mais 80 mm, além de o facto de não ter um túnel de transmissão no meio criar novos compartimentos para guardar os pertences logo ao entrar no carro.
O seu design comporta uma iluminação ambiente cuja cor pode ser alterada consoante a disposição do momento e os seus dois ecrãs, o painel de instrumentos e o display central, são imersivos ao ponto de nos transportarem para um meio futurista. Actualmente estão disponíveis duas versões do EQE (duas outras estão a caminho), o 350+ e 43 4MATIC, sendo que esta última tem a particularidade de apresentar um terceiro ecrã passível de ser usado pelo passageiro de uma forma independente, seja para ver filmes ou navegar pela Internet. Interessante aqui é o recurso à inteligência artificial para reduzir o impacto no condutor: caso este olhe para o ecrã do lado, a luminosidade é automaticamente reduzida.
O que mais difere entre as duas versões é a potência, já que, enquanto o 350+ se fica pelos 292cv, no 4MATIC este valor sobe para 576cv, demorando apenas 4,2 segundos a atingir os 100 km/h. Isto reflecte-se na autonomia, todavia, ficando o 4MATIC cem quilómetros aquém do 350+.
Como já se conhece dos carros eléctricos em geral, a condução do EQE é suave e silenciosa, tanto que neste caso há uma camada de espuma acrescida que reduz ainda mais os níveis de ruído e vibração. Os saudosos do som dos motores a combustão podem ainda assim configurar uma experiência sonora.
Durante a condução, a activação da projecção de um ecrã ao nível dos olhos, que mostra, através de realidade aumentada, certas informações do painel de instrumentos, é particularmente útil quando se tem uma rota do GPS ligada, pois fica-se a saber onde virar sem ser preciso desviar os olhos da estrada.
A nível de conforto, é possível adaptar a posição de diferentes partes dos assentos e há uma função de massagem. No interior, curiosamente, em falta estão as pegas por cima das janelas pensadas para ajudar a sair e entrar no carro. Ainda nesta linha do conforto, a presença de um sistema airmatic, em que o amortecimento adaptativo é combinado com uma suspensão pneumática, permite que a condução se faça sem sobressaltos, mesmo no caso de pisos mais irregulares ou lombas.
De certa forma, fica a sensação de que o EQE comunica com o condutor quando se tem conta que emite um sinal sonoro a avisar em caso de um eventual embate ou que compensa automaticamente se o carro estiver a sair da linha da estrada. Uma comunicação que se materializa com o assistente de voz, que responde prontamente ao som das palavras “Olá, Mercedes”.
Há vários equipamentos opcionais disponíveis que podem fazer estender o preço, que arranca nos 73.800€ no caso do 350+ e nos 105.650€ no 43 4MATIC, como portas automáticas (que ainda não estão disponíveis, mas tudo indica que no próximo mês já estarão), jantes até 21’’, cintos vermelhos, acabamentos interiores em madeira, tecto panorâmico, eixos traseiros direccionáveis até 10 graus para facilitar o estacionamento, entre vários outros.
Se o factor da electrificação já reduz os pedais do EQE para dois, durante as desacelerações a sua utilização pode reduzir-se mesmo a um só se se aproveitar as patilhas integradas no volante para controlar a recuperação de energia. Através destas chega-se a conseguir estabilizar o carro sem ter o pé no travão. Um uso eficaz deste sistema regenerativo pode impulsionar assim a autonomia para cima de 600 quilómetros, o que, em situações ideais, poderá significar ir de Lisboa ao Porto sem precisar de parar num ponto de carregamento. O EQE chega de série com possibilidade de ser carregado a 11 kW em corrente alternada, mas suporta um carregamento AC de até 22 kW e em corrente contínua a 170 kW, com a marca a avançar que é possível repor 80% da carga em apenas 32 minutos.
Desde o dia 21 de Abril que o EQE já está disponível para entrega. No entanto, e ainda que esteja planeada uma produção significativa para este ano, é difícil estimar qual o tempo de espera dado a crise actual na produção automóvel, alimentada pela guerra na Ucrânia. De qualquer das formas, para a marca alemã o lançamento do EQE é mais um passo em direcção aos seus objectivos de oferecer uma alternativa eléctrica em todos os seus segmentos até 2025 e de atingir a neutralidade carbónica até 2039.