Os Fugly são uma muito sonora vitória sobre o tédio e a precariedade
Quatro anos depois de Millenial Shit, a banda portuense edita Dandruff. Música sobre (e contra) os “stresses da vida adulta”, rock’n’roll feito grito vital. Cantam com intensidade (e sarcasmo) uma existência no fio da navalha.
Duas guitarras, baixo, bateria e voz. Rock’n’roll sem artifícios, directo ao assunto, tudo energia trocada entre palco e plateia. Guitarras em eléctrico alvoroço, secção rítmica em modo locomotiva, saltos, letras bem berradas, pessoal a entusiasmar-se com o que vê e ouve, pessoal da banda e pessoal cá em baixo a tornar-se muitas vezes um só. Não surpreende que assim seja. Tal como os Buzzocks ontem os Fugly – o nome, já agora, é contracção de “fucking ugly” —, põem em canção o viver da sua geração – ah, a precariedade, o futuro assombrado por tempos cinzentos, ah, a salvação num refrão bem montado. Tal como os Pavement nos 1990s, os Wavves há não muito tempo, os Fugly têm o sarcasmo e o humor “slacker” do seu lado – forma de gritar vitória sobre a ansiedade e os horizontes estreitos. “Music makes me feel so good/ but I got no money from making/ music makes me feel so good”, cantam e repetem no novo disco, e hão-de terminar em coro colectivo, eles, amigos e amigas, tudo junto na garagem, no disco, no concerto.
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