Polónia rescinde acordo com a Rússia sobre o gasoduto Yamal-Europe
Contrato com a Gazprom acabava no final do ano, mas o Governo decidiu antecipar o seu término por causa da invasão da Ucrânia e, segundo a ministra do Ambiente, devido ao facto de a petrolífera russa “não ser um parceiro confiável”.
A Polónia decidiu rescindir o acordo intergovernamental com a Rússia sobre o gasoduto Yamal-Europe em resposta à invasão russa da Ucrânia, anunciou a ministra polaca do Ambiente, Anna Moskwa, numa mensagem publicada esta segunda-feira no Twitter.
“A agressão da Rússia à Ucrânia confirmou a justeza da determinação do Governo polaco em tornar-se totalmente independente do gás russo. Sempre soubemos que a Gazprom não era um parceiro confiável”, declarou a ministra.
Piotr Naimski, ministro da Energia, confirmou que o Governo adoptou uma resolução que torna efectiva a cessação do contrato e revelou que será enviada uma notificação oficial à empresa petrolífera russa ainda esta segunda-feira.
A empresa polaca PGNiG já havia notificado a Gazprom em 2019 de que não tinha interesse em renovar o contrato sobre o gasoduto, cuja data de validade termina no final desde ano.
Segundo Moskwa, o término antecipado do contrato é o passo natural a dar, na sequência da decisão tomada no mês passado pela Rússia de suspender o fornecimento de gás natural à Polónia – e a outros países “hostis” – através do Yamal, depois de Varsóvia se ter recusado a pagar a importação de energia em rublos.
“Os acordos intergovernamentais com a Rússia que estão a violar a lei europeia não devem permanecer em vigor”, disse a ministra à agência noticiosa polaca PAP.
Moskwa garantiu, porém, que o fim do acordo sobre o Yamal-Europe, em vigor desde 1993, não vai ter impacto no fluxo de gás que entra na Polónia através do gasoduto, uma vez que é possível transferir gás para a Polónia a partir da Alemanha.
Apesar de o troço do gasoduto que liga a Rússia à Europa Ocidental em solo polaco ser administrado em conjunto pela Gazprom e pela PGNiG, a sua operacionalização é feita pela empresa estatal polaca Gaz-System.
Recorde-se que Portugal está em negociações com os governos da Alemanha e da Polónia, para que o porto de Sines passe a distribuir gás aos países da Europa mais dependentes do gás russo.