Parlamento sueco diz que adesão à NATO pode “dissuadir” a Rússia de atacar o Norte da Europa
Relatório parlamentar de avaliação dos efeitos da entrada da Suécia na NATO foi apresentado esta sexta-feira. Diz que se o país não avançar com o processo de adesão, podem abrir-se portas a uma “acção unilateral” russa.
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Um relatório pedido pelo Parlamento sueco para avaliar os efeitos da possível entrada da Suécia na NATO concluiu que a adesão reduziria o risco de um ataque russo no país, naquilo que é visto como mais um empurrão para que o Governo entregue o pedido formal para integrar a Aliança.
Caso a Suécia escolha, mesmo depois de o pedido de adesão finlandês, ficar fora da NATO, “não terá as garantias de segurança que a Aliança militar oferece”, o que pode abrir portas a uma “acção unilateral” por parte da vizinha Rússia. O relatório dá como exemplo uma tentativa de controlo da ilha de Gotland, no mar Báltico.
De acordo com o documento de 43 páginas, apresentado nesta sexta-feira em Estocolmo, a adesão à Aliança Atlântica serviria como factor de “dissuasão” de um conflito no Norte da Europa, ainda que Vladimir Putin vá deixando ameaças, até nucleares, caso avance o processo de adesão dos dois países.
Os autores do relatório não apoiam directamente a entrada da Suécia na NATO, mas concluem que é necessária coordenação com a Finlândia, onde o Presidente e a primeira-ministra pediram, nesta quinta-feira, a adesão à Aliança “sem demoras”.
No próximo domingo, 15 de Maio, o Partido Social Democrata da Suécia, liderado pela actual primeira-ministra, Magdalena Andersson, anunciará a sua decisão final sobre o futuro na NATO. Segue-se, na segunda-feira, uma sessão parlamentar extraordinária para discutir o assunto.
“A Suécia e a Finlândia têm realmente de se candidatar durante esta janela de oportunidade, quando a Rússia está enfraquecida militarmente”, argumentou Elisabeth Braw, jornalista e membro do American Enterprise Institute. Mais: é esta a altura certa, “na medida em que a NATO tem a sua cimeira em Madrid no final de Junho”. Citada pela Bloomberg, Braw conclui: torna-se “quase irresistível a candidatura da Finlândia e da Suécia”.
Caso Estocolmo decida acompanhar o país vizinho no processo de adesão, também quebrará a sua neutralidade de 200 anos em conflitos armados, que lhe permitiu não participar em duas guerras mundiais.
Se, em Janeiro, apenas 37% da população sueca apoiava a integração da Aliança Atlântica, a guerra na Ucrânia mudou a opinião pública. De acordo com uma sondagem do instituto sueco Novus publicada esta semana, a maioria da população (53%) quer a Suécia na NATO.