Kämna levou a etapa do Giro, López a camisola rosa

Esperava-se luta entre trepadores, mas a etapa pode definir-se pelo popular “a montanha pariu um rato”. Pouco se passou e o português João Almeida teve um dia tranquilo, subindo ao oitavo lugar da classificação geral.

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Reuters/JENNIFER LORENZINI

Dois ciclistas na frente da corrida: um podia chegar à camisola rosa, o outro ficaria feliz ao vencer a etapa. Este cenário clássico no ciclismo teve mais uma repetição nesta terça-feira, quando Lennard Kämna (Bora) bateu Juan Pedro López (Trek) na escalada ao Monte Etna, na etapa 4 da Volta a Itália. O alemão ergueu os braços na meta, o espanhol passou a vestir a camisola rosa, beneficiando da presença na fuga do dia. Fica por saber, porém, se houve “acordo de cavalheiros” ou se López apenas foi incapaz de lutar pela etapa – pareceu mesmo este segundo cenário, já que o espanhol entrou mal na última curva.

Mathieu van der Poel, anterior líder, sabia que ao não ir para a fuga dificilmente manteria a liderança e o cenário confirmou-se. Pérez é líder com 39 segundos de vantagem para Kämna e 58 para Rein Taaramae. Esquecendo estes prováveis “intrusos” nesta classificação, Simon Yates é quarto, Wilco Kelderman é sexto, Pello Bilbao é sétimo e o português João Almeida é oitavo, depois do top-10 na etapa.

“Superman” desistiu

Este era um dia, como muitos outros neste Giro, que não tinha desfecho claro. Poderia dar para uma fuga em grupo, para um ataque solitário, para um duelo entre os favoritos ao triunfo final ou até mesmo, em caso de ritmo lento na subida, para uma disputa num grupo reduzido de puncheurs. Simon Yates, um dos grandes candidatos ao triunfo no Giro, dizia mesmo isso antes da etapa: “Não sei como vai ser. Pode dar para a fuga, mas também para os homens da geral ganharem ou perderem tempo”.

Apesar desta previsão, a etapa pode definir-se pelo dito popular “a montanha pariu um rato”. Esperava-se que o Etna (onde João Almeida chegou à rosa em 2020 e Acácio da Silva venceu em 1989) fosse palco para duelo entre trepadores, mas a tirada foi aborrecida e parca em motivos de interesse.

O dia começou com alguns percalços, com quedas no pelotão a levarem Miguel Ángel López e Yates ao chão – o primeiro desistiu da corrida, o segundo chegou a passar várias vezes pelo carro de apoio, sugerindo algum desconforto físico.

De resto pouco se passou. Formou-se uma fuga de 14 ciclistas e os mais de seis minutos de vantagem para o pelotão faziam prever que o triunfo no cume do Etna seria para um deles.

Mais atrás, rolava-se tranquilamente e só a cerca de 30 quilómetros da meta – e a dez do início da subida – se notou algum nervosismo, com as equipas a tentarem colocar os seus líderes na frente do grupo principal.

Jumbo derrotada

Já dentro da subida, Vincenzo Nibali, Tobias Foss, Tom Dumoulin e Guillaume Martin mostravam que seriam os derrotados do dia (Dumoulin e Foss estão a “destruir” as ambições da Jumbo), bem como Mathieu van der Poel, que começou a ceder cedo – estava confirmada a impossibilidade de o neerlandês segurar a camisola rosa. Por outras palavras, no Etna estava em jogo não só a vitória na etapa, mas também a liderança da geral. E aí entrava nas contas um novo elemento na etapa, que era a forte possibilidade de haver um líder improvável, saído da fuga – e era Mauri Vansevenant o melhor colocado.

E foi também nesta fase que os fugitivos começaram a discutir na frente – como sempre, havia quem pouco trabalhasse. Stefan Oldani atacou e seguiu sozinho, perseguido por seis ciclistas, entre eles Vansevenant. Entre os fugitivos havia uma luta pela vitória e outra pela camisola rosa. Juan Pedro López era outro dos interessados e fez a subida ao seu ritmo, acabando por chegar a Oldani e deixar o italiano “a pé”, o mesmo que fez, mais tarde, Lennard Kämna.

Mais atrás, surgia uma má notícia para João Almeida: o português era o único Emirates no grupo principal. Tal como se temia antes do Giro, a equipa da UAE – ainda que não fosse a única – não estava a conseguir ter algum ciclista no apoio ao seu chefe-de-fila, algo que não faz prever um bom cenário para quando houver montanha “a sério”.

Mas, para fortuna do português, a INEOS deitou à rua vários quilómetros de trabalho e desgaste. Esperava-se uma mexida de Carapaz, mas nada se passou. E o final teve apenas um pequeno sprint para definir lugares secundários na etapa.

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