António Costa defende criação de “superbazuca” para reconstrução da Ucrânia

O primeiro-ministro lembrou que “há todo um país para reconstruir” e “cidades inteiras para reconstruir”.

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António Costa avisou que uma adesão da Ucrânia à União Europeia pode levar anos e a aposta deve ser numa resposta imediata LUSA/FERNANDO VELUDO

À semelhança da resposta criada para responder à crise económica causada pela pandemia covid-19, o Programa de Recuperação e Resiliência, António Costa defendeu a criação de uma “superbazuca” para ajudar na reconstrução da Ucrânia.

"Tal como inventámos o ‘next generation', o Plano de Recuperação e Resiliência, a ‘bazuca’, para respondermos às necessidades das economias europeias perante a covid-19, vamos ter que criar uma ‘superbazuca’ para apoiar a Ucrânia na reconstrução. E aí é que devíamos tratar e já, porque aí não temos de esperar por mais nada, podemos fazer já”, declarou António Costa no encerramento da Conferência sobre o Futuro da Europa, na Fundação de Serralves, no Porto, onde esteve a responder a perguntas de jovens presentes na conferência.

No seguimento de uma questão de Cármen, uma estudante ucraniana e portuguesa, sobre como é que Portugal apoiaria a Ucrânia a entrar na União Europeia, António Costa defendeu que, antes de uma adesão da Ucrânia à União Europeia, um processo que pode levar anos, a Europa tem de actuar de imediato na reconstrução da Ucrânia.

“Basta olhar para televisão para ver que não é só a maternidade que há para reconstruir. Há todo um país para reconstruir. Há cidades inteiras para reconstruir”, frisou.

O primeiro-ministro defendeu que se devia aproveitar “o Acordo de Associação, que já existe, e em duas semanas negociar o aprofundamento desse Acordo de Associação para integrar a economia ucraniana no conjunto da economia europeia e termos um pacto com a Ucrânia para apoiar o esforço de reconstrução que vai ser necessário”.

Para António Costa, o que é “urgente” e “imediato” é reconstruir todo um país. “Acho que, ao mesmo tempo que temos de saudar de braços abertos a opção europeia da Ucrânia, temos de fazer aquilo que é absolutamente essencial, que é responder à urgência do que é urgente na Ucrânia e que não pode esperar três, quatro, cinco, nove anos, o tempo que levará a negociar essa adesão”, disse.

O primeiro-ministro esclareceu ainda que o apoio que tem sido dado à Ucrânia não se tem limitado a ser humanitário ou de natureza financeira.

“Tem sido dado e vai continuar a ser dado, nas medidas da capacidade quer dos países da União Europeia, quer dos países da NATO, equipamento militar para ajudar a Ucrânia a defender-se e a garantir a vitória sobre a Rússia. Hoje, a vitória sobre a Rússia é absolutamente essencial para fortalecer e preservar as democracias em todo o Continente europeu e não só. E também para limitar a influência da Rússia noutras regiões do mundo, onde tem historicamente, ou presentemente, uma presença importante, designadamente no Continente africano. Essa derrota hoje é uma derrota essencial para preservar o quadro das liberdades e da democracia”, afirmou.

Segundo o primeiro-ministro, nenhum país democrático poderia desencadear uma guerra com esta “brutalidade”.

“Isso é uma das grandes forças da democracia que ajuda a promover a paz e ajuda a dificultar a guerra. Uma condição absolutamente essencial. (...) É evidente que o senhor Putin não é uma peça isolada num sistema, que é um sistema que permanece autocrático e onde só assim é possível desencadear uma guerra com a barbaridade que esta guerra é desencadeada sem que isso tenha qualquer tipo, aparentemente, de reacção interna suficientemente forte e visível”, considerou.

Costa não divulga material militar que envia por “razões de segurança"

O primeiro-ministro não quis divulgar quando vai a Kiev, nem o tipo de material militar que tem enviado para a Ucrânia por “razões de segurança”.

“Nós temos vindo desde a primeira hora a dar suporte à Ucrânia, quer em meios financeiros, humanitários e material militar, da primeira vez de natureza não letal e, depois, letal, mas nunca noticiamos por razões de segurança”, disse.

O Jornal Nascer do Sol avançou este sábado que Portugal vai mandar já 15 carros blindados M113A para a Ucrânia. Sem confirmar esta informação, o primeiro-ministro explicou que a Ucrânia tem comunicado aos estados quais as suas necessidades em termos de material e, depois, cada estado identifica as suas disponibilidades e faz o envio.

Tal como não divulga o material enviado para a Ucrânia por “razões de segurança”, Costa também não adiantou quando vai visitar Kiev e encontrar-se com o presidente Volodymyr Zelensky.

Também este sábado, no Porto, e questionado sobre a possibilidade de Portugal enviar blindados para a Ucrânia, o Presidente da República afirmou que a confirmar-se é um “caso de apoio empenhado” do país.

“A confirmar-se essa notícia [envio de blindados] é um caso de apoio empenhado de Portugal em termos de meios militares à Ucrânia”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na Maia, à margem da cerimónia de entrega do prémio literário de 2022, promovido anualmente pelos Lions.