Petróleo sobe para 108 dólares com anúncio de bloqueio à Rússia
O sexto pacote de sanções à Rússia vai atingir uma das principais fontes de financiamento do Kremlin, mas tardará seis meses.
O novo pacote de sanções da Europa à Rússia, que prevê o fim do fornecimento de petróleo no prazo de seis meses e de produtos refinados até ao fim do ano, já está a reflectir-se na cotação do crude, nesta quarta-feira.
O barril de Brent, que é a referência para as importações europeias, estava a subir perto de 2% para 107,71 dólares nesta manhã, enquanto o WTI, que é transaccionado no mercado de Nova Iorque, atingia os 105,3 dólares por barril, a subir 0,63%.
Ao final da tarde, o Brent transaccionava nos 108 dólares, enquanto o barril de WTI valia 106,47 dólares, sinalizando que os preços irão manter-se sob pressão no rescaldo deste anúncio da Comissão Europeia, que tem ainda de ser validado pelo Conselho Europeu.
A União Europeia endurece assim as sanções energéticas a Moscovo (depois do embargo ao carvão) e tenta bloquear um dos motores de financiamento do Estado russo e da ofensiva militar contra a Ucrânia, com a promessa de bloquear “todo o petróleo, marítimo e [proveniente de] oleoduto, bruto e refinado”.
A Comissão assegura que o embargo será posto em prática gradualmente e de forma ordenada, para que os Estados-membros consigam encontrar alternativas de abastecimento aos produtos russos e também para que a medida não provoque maior turbulência nos mercados globais.
O petróleo e os produtos de petróleo e o gás natural continuam a ser as principais fontes energéticas na Europa (34,5% e 23,7% do total, respectivamente) e são essencialmente importados.
Segundo o Eurostat, em 2021, o crude dominou as importações de produtos energéticos na Europa (71%) e o gás natural representou 17%. Num e noutro, a Rússia foi o principal fornecedor europeu, assegurando 24,8% e 39,2%, respectivamente, dos totais importados.
No caso do petróleo, a Rússia é o terceiro maior produtor mundial, atrás dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.
Mas se a Rússia é o maior fornecedor europeu, visto de outra forma, a Europa, como destino de metade das exportações russas, é o maior comprador, pelo que o embargo deverá ter um impacto significativo nos cofres do Kremlin.
Segundo as contas da organização ecologista Transport & Environment, publicadas em Março, a União Europeia paga 260 milhões de euros por dia à Rússia pela compra de petróleo.
Outros fornecedores europeus com muito menor expressão são, além da Noruega, o Iraque, a Arábia Saudita, a Líbia, o Cazaquistão e os Estados Unidos.
Diversificar as fontes de aprovisionamento no crude parece mostrar-se uma tarefa mais simples do que no gás natural, onde a grande força de bloqueio continua a ser a Alemanha, cuja indústria (e respectiva competitividade) depende em larga medida dos gasodutos russos.
A Alemanha já avisou que lhe é impossível acabar com o uso do gás russo, de que depende em quase 50%, antes de 2024, mas foi um dos países que se mostraram favoráveis ao bloqueio ao petróleo.