Paulo Moreiras: “Escrevo acerca de um Portugal que acabou”

Dez anos depois do último romance, O Caminho do Burro é o regresso à ficção de uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa da primeira década do século. Voltou a escrita pícara de Paulo Moreiras.

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NFS Nuno Ferreira Santos - 17 Marco 2022 - PORTUGAL, Lisboa, Parque das Nacoes - Entrevista a Paulo Moreiras, escritor portugues nascido em mocambique Nuno Ferreira Santos

Numa época em que já é demasiado evidente que o vocabulário com que se vai construindo a literatura portuguesa — sobretudo aquela que é feita pelos autores mais novos — está a “emagrecer” a bom ritmo, eis que um restrito grupo de escritores se vai ainda esforçando para que isso não aconteça. E, de maneira óbvia, algumas das suas obras vêm correndo o risco de serem “arrumadas” nas prateleiras do “romance histórico” (o que quer que isso seja), vendo-se assim arredadas dos mediáticos prémios que vão definindo uma espécie de cânone para consumo imediato de editoras e leitores. Nesse magro grupo de escritores que ainda acredita — por que o praticam — que o vocabulário de um conto ou de um romance deve ser mais rico do que o de uma telenovela, está Paulo Moreiras (n. 1969), que se estreou na literatura com o romance pícaro A Demanda de D. Fuas Bragatela (2002). Depois escreveu mais dois: Os Dias de Saturno (2009) e O Ouro dos Corcundas (2011). Uma dezena de anos decorrida desde a publicação do último romance, Paulo Moreiras — sem dúvida uma das vozes mais singulares da literatura portuguesa da primeira década deste século — voltou à ficção com uma colectânea de contos, O Caminho do Burro, edição da Visgarolho, uma nova editora sediada em Aveiro e que se propõe publicar autores de língua portuguesa.

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