The Rite of Trio encontraram um lugar para o imprevisto na Jazzahead!
Numa actuação que deixou muita gente de olhos esbugalhados, a formação portuguesa abanou a feira do jazz de Bremen. A tempo de abrir mais algumas portas na sua internacionalização.
“Don’t be scared”, avisa o apresentador da Circus Tent. As palavras não são bem suas. Transportam uma mensagem dos portugueses The Rite of Trio para o público da Jazzahead!, imediatamente antes de o grupo subir a um dos vários palcos em actividade naquela noite. É um aviso, mas também uma provocação. Porque o espectáculo que o trio apresenta em Bremen, versão ao vivo do álbum Free Development of Delirium, é tanto um espectáculo musical de guinadas sucessivas, à moda dos Naked City de John Zorn, quanto uma performance que importa leituras de Artaud para um formato de concerto e coloca o público num lugar pouco visto – sobretudo numa feira de música, evento tipicamente pautado por showcases que tentam impressionar com recurso a todo o tipo de atributos musicais, mas em que o medo de arriscar é evidente. Só que, para os The Rite of Trio, a única forma de habitar o palco é despejando todo o seu incontido delírio criativo sobre uma assistência atónita. Às tantas, do fundo da sua mais absoluta sinceridade, ouvimos uma voz em inglês vinda do meio da multidão furar o pontual silêncio em que os instrumentos mergulham: “Isto é das coisas mais estranhas que vi na minha vida.”
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