À segunda tentativa, Orçamento do Estado para 2022 foi aprovado na generalidade
Só o PS votou a favor. PAN e Livre abstiveram-se e os restantes partidos votaram contra. Depois de um mês de discussão na especialidade, votação final global está marcada para 27 de Maio. Orçamento não entrará em vigor antes de Julho.
Seis meses depois, à segunda tentativa, está aprovado na generalidade o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022): com uma maioria absoluta de 120 deputados, bastou o voto a favor do PS para fazer passar o documento. Que só teve o apoio parcial do PAN e do Livre, cujos deputados únicos Inês de Sousa Real e Rui Tavares se abstiveram, à semelhança do que os partidos tinham feito em Outubro (embora Joacine Katar Moreira já se tivesse afastado do Livre). Os restantes partidos – PSD, Chega, IL, PCP e Bloco –votaram contra, também como tinham feito há seis meses e que motivara o chumbo do orçamento.
A proposta de lei do Governo segue agora para a discussão na especialidade durante os próximos 30 dias e a votação final global está marcada para 28 de Maio. Tendo em conta a maioria absoluta do PS, não é expectável que o documento vá sofrer grandes alterações nas medidas relativas aos rendimentos das famílias, aos apoios às empresas ou mesmo ao leque de impostos.
Em duas semanas, entre a entrega do Programa de Estabilidade (final de Março) e a do Orçamento do Estado para 2022 (meados de Abril), o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento da economia de 5% para 4,9% – na primeira versão do orçamento, em Outubro, a previsão era de 5,5%.
O documento prevê um défice público de 1,9% do PIB, que representa uma redução de 0,9 pontos percentuais em relação ao registado ano passado – e é uma revisão em baixa face aos 3,2% previstos em Outubro na proposta que foi chumbada. Relativamente à dívida pública, o OE mantém também o objectivo de redução deste indicador de 127,4% do PIB em 2021 para 120,7% em 2022.
Em relação à evolução dos preços, a revisão foi mais acentuada, muito por causa da crise provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia: a taxa de inflação harmonizada prevista é agora de 4%.
No seu parecer, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) vê alguns “riscos” nas finanças públicas neste ano de 2022 devido às incógnitas sobre a evolução da pandemia de covid-19 e à imprevisibilidade da duração e da escalada da guerra na Ucrânia.
Este orçamento mantém o lastro da “geringonça”, com as medidas que o PS tinha negociado com bloquistas e comunistas na tentativa de conseguir a viabilização do Orçamento do Estado em Outubro passado. Em clima de pré-campanha eleitoral, em Janeiro, António Costa prometera “executar integralmente todas as medidas de apoio à família e de incentivo às empresas que estavam previstas na proposta de Orçamento do Estado para 2022”.
E o documento inclui medidas como o arranque do acesso gratuito progressivo a creches, mais escalões do IRS, aumento das pensões com retroactivos a Janeiro, englobamento dos rendimentos de mais-valias mobiliárias, regime de trabalho em dedicação plena para o pessoal médico. No caso de algumas matérias há até uma cópia integral do texto do orçamento apresentado em Outubro do ano passado e chumbado pelos antigos companheiros do PS.