Assim se vê a força do futsal português
Até nos adversários de Sporting e Benfica na final a quatro da Champions League estão jogadores da selecção campeão mundial europeia.
Há momentos em que um país domina uma modalidade de forma transversal, a nível continental e mundial, em selecções e nos clubes. O futsal português está a viver um desses momentos, com uma selecção campeã mundial e bicampeã europeia, e um clube que venceu a mais emblemática prova do futsal europeu por duas vezes nos últimos três anos. A final a quatro da Liga dos Campeões, que terá nesta sexta-feira, em Riga, os jogos das meias-finais, é mais um testemunho da força actual do futsal português, com duas equipas a lutar pelo título, Sporting e Benfica, e uma representação importante nos seus adversários, respectivamente os franceses do ACCS e os espanhóis do Barcelona.
O Sporting apresenta-se na Letónia com o estatuto de campeão, depois de uma épica final frente ao Barcelona em que virou de 0-2 para um 4-3. Terá pela frente um estreante nesta fase da Champions (Canal 11, 16h), o ACCS, o campeão francês que foi despromovido à segunda divisão devido a irregularidades financeiras e incumprimentos salariais. Mesmo no segundo escalão, a equipa francesa continua a contar com um dos melhores (o melhor) de todos os tempos, Ricardinho, que declarou “I’m in!” na sua conta de Instagram, ele que não participara em qualquer jogo da fase de qualificação para esta final a quatro.
Esta formação francesa chega à discussão por um lugar da final beneficiando da exclusão dos russos do Tyumen, vencedores do Grupo A na Ronda de Elite. Mas não é por ser um repescado que Nuno Dias irá encarar este confronto com o ACCS com menos seriedade. Para o treinador “leonino”, a equipa francesa conquistou o seu lugar com “mérito”. Têm muita qualidade colectiva e individual, juntamente com a qualidade do seu treinador”, assinalou Nuno Dias em conferência de imprensa.
O Sporting tem sido presença regular na decisão do título europeu de futsal. Conta com cinco presenças em finais (vencedor em 2019 e 2021, derrotado em 2011, 2017 e 2018) e larga experiência europeia, bem mais do que o seu adversário francês, para além de ter uma equipa recheada de internacionais portugueses (e não só) habituados a ganhar – Guitta, Cavinato, João Matos, Erick, Zicky, Pany, Cardinal, Merlim, Paçó, entre outros.
Mas o ACCS já fez a vida difícil ao Sporting esta época (os “leões” venceram por 4-3 num jogo da ronda principal, depois de estarem duas vezes em desvantagem) e, na ronda de elite, ficou à frente de um habitual destas andanças, o Kairat, do Cazaquistão. E não é só Ricardinho. Tem Careca, um guarda-redes brasileiro de muita qualidade, uma mão-cheia de internacionais franceses e o experiente ala Thiago Bolinha, internacional cazaque.
Regresso “encarnado”?
O caminho do Benfica até à final de domingo parece mais complicado. Para chegar à sua terceira final (perdeu em 2004, venceu em 2010), a formação “encarnada” terá de ultrapassar o Barcelona (Canal 11, 19h), campeão em 2020 e “vice” em 2021, também com uma injecção de talento português, o fixo André Coelho, antigo jogador do Benfica, e com muitos craques internacionais, tendo o brasileiro Ferrão, eleito melhor jogador de futsal do planeta nos últimos três anos, como cabeça-de-cartaz.
A cumprir o seu primeiro ano como líder do futsal benfiquista, Pulpis aponta ao título europeu como um dos objectivos da época. “Desde o início, dissemos que queremos ser campeões. Agora temos o ‘Barça’ e temos de vencer para estar na final. Vencer o ‘Barça’ pode dar-nos ainda mais confiança. Vai ser difícil, mas temos as nossas possibilidades”, reforçou o técnico espanhol dos “encarnados”, sobre este regresso do Benfica à final a quatro, depois de ter chegado a esta fase pela última vez em 2015-16.
“É importantíssimo este regresso. Estes são os palcos a que o Benfica tem de habituar os seus adeptos, pelos quais temos de lutar todos os anos”, analisou, por seu lado, Afonso Jesus, um dos muitos internacionais portugueses das “águias”, a par de Nilson e Silvestre Ferreira. Também há uma dose de grande experiência neste Benfica, com Robinho, Roncaglio ou Tayebi, e até jogadores com conhecimento da formação catalã, como Rómulo ou Arthur.
Ferrão, a “estrela” brasileira do “Barça”, não quer antecipar um reencontro com o Sporting na final antes de defrontar “uma equipa muito competitiva com grandíssimos jogadores” como o Benfica. “É uma equipa que sabe jogar com bola e temos de estar preparados. Qualquer erro pode sair-nos caro”, referiu.