Quando o Estado Novo quis ensinar o modo “português” de viver e trabalhar a terra
Entre as décadas de 30 e 60, o regime de Salazar implantou no território sete colonatos agrícolas com o objectivo de dar continuidade à “povoação do reino”, segundo os bons costumes morais vigentes. Entre Paredes de Coura e Pegões, a investigadora Filipa Guerreiro guia uma visita a este património ignorado, onde ressalta sobretudo a permanência da arquitectura.
Nessa terça-feira a meio de Março, o final da manhã apresentava uma atmosfera inesperada no cume do núcleo megalítico de Chã de Lamas, na freguesia de Vascões, concelho de Paredes de Coura: a “neblina” que tingia o céu de um tom alaranjado e escondia o Sol (mais tarde haveríamos de perceber que eram as poeiras do Sara!) não condizia com a hora do meio-dia. Nada que alterasse, contudo, o quotidiano na pequena aldeia: Maria de Fátima, acompanhada pelo seu cão, chega à antiga “casa do guarda” para arrumar algumas alfaias. Quando percebe que somos jornalistas, mostra-se logo solícita para falar daquilo que realmente lhe importa: “Isto está complicado; as pessoas, parece que estão malucas, com o gasóleo a ir para um preço impossível. Há duas semanas, 20 euros davam para encher o depósito, agora, quase não chega a metade, e até já nem compensa ir a Espanha…”.
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