Elon Musk com via aberta para ser o dono do Twitter por 40 mil milhões
Elon Musk ficou, esta segunda-feira, com o caminho aberto para adquirir a rede social Twitter, depois de a administração da empresa ter anunciado que já não se opõe à operação e recomenda a venda das acções aos seus accionistas. O valor do negócio pode atingir 40 mil milhões de euros
A oferta pela compra do Twitter, apresentada pelo dono do grupo fabricante de automóveis Tesla – feita em nome pessoal –, hoje aceite, foi de 54,2 dólares por cada acção da companhia dona da rede social, o que significa que Elon Musk poderá pagar 44 mil milhões de dólares (cerca de 40,7 mil milhões de euros ao câmbio actual) pela empresa, da qual já detém neste momento 9,2% do capital.
A companhia Twitter anunciou ao mercado que “celebrou um acordo definitivo para ser adquirida por uma entidade integralmente detida por Elon Musk, por 54,20 dólares por acção em dinheiro numa transacção avaliada em cerca de 44 mil milhões de dólares”. A empresa, integrante do índice tecnológico Nasdaq, deixará de estar cotada. Após a conclusão da transacção, o Twitter tornar-se-á uma empresa sem dispersão em bolsa, disse o grupo em comunicado.
Na comunicação ao mercado, esta segunda-feira, a administração da gestora da rede social argumenta que o valor agora acordado com o dono da Tesla “representa um prémio de 38% sobre o preço de fecho das acções do Twitter a 1 de Abril de 2022, que foi o último dia de negociação antes do Sr. Musk revelar a sua participação de aproximadamente 9% no Twitter”.
“Acreditamos que é o melhor caminho para os accionistas do Twitter”, afirmou a administração da tecnológica no comunicado, o que é, no fundo, uma recomendação aos accionistas - que têm ainda que aprovar a operação, assim como os reguladores.
A administração do Twitter tinha inicialmente mostrado oposição à proposta de compra de Elon Musk. Há apenas 10 dias, tinha decidido accionar um mecanismo de defesa contra aquisições (conhecido como “poison pill”), permitindo aos accionistas adquirir acções adicionais com desconto sempre que outro accionista (neste caso Elon Musk) passasse a deter uma participação superior a 15%.
Isto tornava, para Musk, a operação de compra da empresa muito mais difícil e cara de concretizar. No entanto, depois de o dono da Tesla ter tornado pública a forma como pretendia financiar a operação, com a participação de um grande número das principais instituições financeiras de Wall Street, e de, como noticiam alguns órgãos de comunicação social, se ter reunido este fim-de-semana com os accionistas mais relevantes da empresa, a opinião da administração do Twitter ficou sob forte pressão para mudar de posição.
Em particular, parece evidente que alguns dos principais accionistas do Twitter começaram a ver esta oferta de compra feita por Musk como uma oportunidade única de realizar mais-valias. Sem estes accionistas a apoiar, tornava-se muito mais difícil que o mecanismo de defesa ponderado pela administração pudesse vir a ter sucesso.
O facto de Elon Musk assumir a liderança do Twitter promete trazer alterações significativas no seu funcionamento. Desde que se ficou a saber que detinha já 9,2% do capital da empresa e que era sua ambição assumir o seu controlo, Elon Musk tem vindo, muitas vezes através da sua conta na rede social, a defender a introdução de uma série de alterações no Twitter.
Entre as mudanças sugeridas por Musk estão, por exemplo, a introdução da possibilidade de os utilizadores poderem editar os seus próprios tweets - algo que a empresa entretanto disse que já estava a considerar - e a remoção de publicidade do serviço premium da rede.
No entanto, a mudança mais importante poderá vir da posição assumida de Elon Musk como defensor em termos absolutos da liberdade de expressão. Com Musk, o Twitter pode passar a ser bastante menos interventivo na limitação que impõe ao conteúdo introduzido pelos seus utilizadores.
Quando fez a sua oferta, o dono da Tesla classificou o Twitter como “a plataforma para a liberdade de expressão em todo o mundo”, algo que, defendeu, apenas poderia ser assegurado se a empresa, em vez de estar cotada em bolsa, passasse a ser detida por um accionista único, neste caso, ele próprio.
Uma das consequências poderá ser o regresso ao Twitter de alguns dos utilizadores que têm sido excluídos da plataforma, sendo que o caso mais mediático é certamente o do ex-presidente do EUA Donald Trump, que foi excluído pela plataforma na sequência do ataque ao capitólio e dos tweets que fez sobre o assunto e sobre as eleições nos dias seguintes, que os responsáveis do Twitter viram como um incentivo à violência.
A expectativa, dentro do Partido Republicano, já é grande, perante a possibilidade de Trump regressar um dos palcos que mais utilizou na sua ascensão política e vários dos seus responsáveis elogiaram, durante esta segunda-feira, a operação de compra que Elon Musk se prepara para concretizar.