A intoxicação por canábis nos animais de estimação está a aumentar

Depois da legalização da canábis no Canadá, em 2018, o número de casos de intoxicação com esta droga entre os animais de companhia tem disparado na América do Norte.

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Os casos aconteceram, de acordo com os veterinários inquiridos, sobretudo em cães. Filipa Fernandez

A exposição dos animais de companhia a canábis tem aumentado nos últimos anos. Os casos de intoxicação por ingestão desta substância têm sido cada vez mais frequentes no Canadá e nos Estados Unidos, principalmente desde 2018, aquando da legalização da canábis no Canadá.

A informação é dada pelos próprios veterinários canadianos e norte-americanos, num inquérito em que dão conta deste aumento de casos e também dos sintomas e consequências para os animais de estimação.

Os resultados do inquérito, agora publicados na revista científica PLOS One, dá novos dados sobre sintomas, tratamentos e consequências deste consumo não propositado.

Os animais de estimação expostos a canábis, muito frequentemente pela sua ingestão directa, podem ter sintomas de intoxicação com vários graus de severidade. Os sintomas mais comuns, sobretudo em cães (a grande maioria dos casos relatados), foram incontinência urinária, desorientação e baixo ritmo cardíaco.

A principal causa citada pelos veterinários inquiridos foi a ingestão por falta de vigilância dos animais de estimação.

Praticamente todos os animais recuperaram completamente da intoxicação. Num pequeno número de casos, os veterinários reportaram a morte de 16 animais de estimação morreram devido à intoxicação, embora os investigadores não descartem outras causas potenciais, como condições de saúde prévias.

A análise dá conta de que desde a legalização da canábis no Canadá, em 2018, o número de casos de intoxicação por canábis deu um salto, sobretudo devido à ingestão de canábis. No entanto, como referem os autores, o crescimento pós-legalização pode ser explicado pelo aumento do uso de canábis, mas também pode dever-se também ao aumento da informação disponível sobre o consumo.

Os casos aconteceram, de acordo com os veterinários inquiridos, sobretudo em cães, mas também foram comunicados casos envolvendo gatos, iguanas, cavalos, furões ou catatuas.

Estudos anteriores já sugeriam que estes casos estavam em crescendo, porém a real magnitude do problema não estava clara. Este trabalho liderado por uma equipa canadiana nota que um terço dos veterinários inquiridos aponta para um aumento dos casos a partir de 2018. A equipa liderada por Richard Quansah Amissah, investigador na Universidade de Guelph (Canadá), inquiriu 251 veterinários do Canadá e dos Estados Unidos.

Os investigadores destacam a necessidade de serem realizados mais estudos acerca dos efeitos da canábis nos animais de companhia, para existir melhor informação para veterinários e para uma melhor definição de políticas de saúde animal.

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