O vendaval Caroline Guiela Nguyen
Crente de que o teatro é ainda um lugar para a ficção e para as personagens, a criadora francesa faz das suas últimas criações dois olhares sobre os ausentes, sem medo de largar as emoções à solta no palco. Entre 22 e 27 de Abril, há Saigão e Fraternité, Conte Fantastique em Lisboa.
Caroline Guiela Nguyen foi salva pelo cinema. E foi graças ainda ao cinema que persistiu num percurso teatral. Depois de ter dado um primeiro passo na observação e procura de um lugar de empatia com os outros enquanto estudante de Sociologia, treinando o olhar para se demorar em corpos dos quais pouco sabia, percebeu que queria também ficcionar sobre essas pessoas e mudou-se para o teatro. Só que à medida que aprofundava a sua formação, primeiro na Universidade de Nice, depois no Conservatório de Avignon (como actriz), e, por fim, no Théâtre National de Strasbourg (como encenadora), teve de gerir o choque de iniciar o seu percurso num “momento em que o teatro recusava a ideia da narrativa”. Foi sugada então para dentro de palcos tomados pela “explosão do teatro pós-dramático e em que não se podia contar histórias nem falar de personagens”, recordaria ao Ípsilon, em Setembro de 2019, quando passou por Lisboa enquanto convidada do Congresso da EASTAP — European Association for the Study of Theatre and Performance, organizado pelo Centro de Estudos de Teatro e pelo Teatro Nacional D. Maria II. “Cheguei à escola e não compreendia nada. Gente que falava identificada pelas letras A ou B, que podia ser uma ou outra pessoa.”
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