Twitter aguarda próximo passo de Elon Musk após “blindagem”

Acções estão abaixo do preço oferecido pelo dono da Tesla. Gestão da empresa anunciou na sexta-feira que até 23 de Abril de 2023 estará em prática uma estratégia de defesa contra investidas consideradas hostis, mas que abre a porta a uma subida da oferta.

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Musk comprou 9% da empresa e quer o seu controlo Reuters/DADO RUVIC

As acções do Twitter fecharam na quinta-feira passada nos 45,08 dólares por acção, com uma perda de 1,68% e abaixo não só dos 54,20 dólares oferecidos por Elon Musk para ficar com a empresa como também do patamar dos 50,98 dólares registados a 5 de Abril, depois de se saber que o dono da Tesla se tinha tornado o seu maior accionista, com cerca de 9%. Na sessão desta segunda-feira na bolsa de Nova Iorque, o título seguia a ganhar 3,24% para 46,54 dólares pelas 17h30 (12h30 na hora de Nova Iorque).

A oferta de Musk colocou o Twitter a valer 43,4 mil milhões de dólares (39,6 mil milhões de euros), e o valor por acção representa um prémio de 38% face ao preço a que tem estado cotada este mês, mas é inferior em 26% ao valor mais alto do último ano, segundo as contas do Financial Times (FT).

Já os 50,98 dólares foram o maior valor dos últimos seis meses - e até de grande parte da história da empresa desde que esta é cotada (entrou no mercado bolsista em 2013). Mas, no ano passado a tecnológica já esteve bastante tempo na casa dos 60 dólares, e chegou a superar os 70 dólares.

Elon Musk, que não chegou a assumir um cargo no conselho de administração do Twitter conforme esperado logo após ter ficado o seu maior accionista, já foi entretanto ultrapassado pela Vanguarda na quinta-feira, com a gestora de investimentos a subir a posição de 8,4% para 10,3%, de acordo com o The Wall Street Journal, uma posição avaliada em cerca de 3,78 mil milhões de dólares.

Na sexta-feira, a gestão do Twitter anunciou que até 23 de Abril do ano que vem estará em prática uma estratégia de defesa contra investidas consideradas hostis.

De acordo com o anúncio, se algum accionista superar os 15%, todos os outros poderão adquirir títulos com um desconto, diluindo a posição de quem quiser a primazia. Esta estratégia, diz a administração da empresa, não impede que a gestão “negocie ou aceite uma proposta de aquisição se acreditar que é a melhor para os interesses do Twitter e dos seus accionistas”.

Este passo, refere-se, reduz a hipótese de alguém avançar sem “pagar aos accionistas um prémio apropriado de controlo ou fornecer à administração tempo suficiente para fazer uma análise cuidadosa e tomar decisões que sejam as melhores para os accionistas”.

Conforme destaca o FT, esta estratégia, intitulada de “poison pill” [comprimido de veneno], é usada desde os anos 80 do século passado para tentar proteger empresas, mas diversas análises mostram que, apesar de atrasar uma oferta hostil, não bloqueia um eventual acordo após negociação.

Assim, a hipótese de Musk para conseguir o seu objectivo passa por subir o preço até um patamar que seja visto como aceitável pela empresa, conforme referiu ao FT uma fonte próxima da gestão do Twitter. Algo que, para já, Musk não mostrou abertura para fazer (desconhece-se também como iria financiar a operação se esta se desenrolar como gostaria). Quando avançou, o dono da Tesla afirmou que o preço era “elevado” e que os accionistas “iam adorar”.

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