Denis Hayes: “Temos de convencer as pessoas de que o clima é um tema de eleições”
Organizador do primeiro Dia da Terra, Denis Hayes viveu de perto o crescimento do movimento ambientalista nos Estados Unidos. “O pessimismo não tem nenhum valor para a sobrevivência das espécies. Por isso, estou resolutamente esperançoso.”
Activista, ambientalista, a história de Denis Hayes caminha lado a lado com a história do movimento ambientalista dos Estados Unidos da segunda metade do século XX. O norte-americano foi o grande organizador da primeira edição do Dia da Terra, a 22 de Abril de 1970, há 52 anos. Impulsionado pelo mentor deste acontecimento, o senador Gaylord Nelson, Hayes trabalhou para pôr em marcha um evento que teve o condão de unir num único movimento os vários grupos que lutavam em separado por questões relacionadas com o ambiente. O resultado foi impactante: 20 milhões de pessoas nas ruas dos Estados Unidos, um milhão delas a marcharem na 5ª Avenida, em Nova Iorque, segundo as estimativas na época. Parecia um “mar de gente”, diz-nos Hayes. As fotografias comprovam-no.
Todo o tipo de actividades teve lugar nesse dia. Manifestações, discursos, marchas, recolha de lixo das ruas e de material para reciclar, plantas cultivadas nos parques, protestos em embarcações no rio, e gestos quotidianos, mas significativos, como um grupo de adolescentes que se pôs a varrer a Union Square, em Manhattan. Muitos foram para a rua com máscaras antigás. Crianças, estudantes, gente de bairros desfavorecidos, mulheres – um grupo que abraçou especialmente a causa e era uma parte significativa da liderança do movimento –, manifestaram-se em todas as “cidades, povoações e cruzamentos” dos Estados Unidos, relembra o activista.
O Dia da Terra demonstrou que havia uma maioria ressentida pelo estado ambiental do país, com as suas cidades de ar poluído e os seus rios sujos, e foi o pontapé de saída para uma década que teria contornos dourados a nível da política ambiental. No mesmo ano, foi criada a Agência de Protecção do Ambiente e uma importante emenda foi acrescentada à Clean Air Act, a lei do ar limpo, de 1963. Dois anos depois, em 1972, aprovou-se a Clean Water Act, a lei da água limpa. Estas foram vitórias baseadas num sentimento bipartidário que valorizava o ambiente, disseminado pela sociedade norte-americana, mas que se esboroaria na década seguinte até aos dias de hoje.
Denis Hayes acabaria por sentir na pele o momento da inversão da política ambiental. Em 1981, enquanto director do Laboratório Nacional de Energia Renovável – criado em 1977 pelo então Presidente Jimmy Carter, com o objectivo de pôr os Estados Unidos numa rota ascendente em termos de energias renováveis – viu o seu laboratório asfixiado a nível financeiro e de recursos humanos de um dia para o outro, graças à nova política energética de Ronald Reagan, o recém-eleito Presidente. Hayes foi despedido. “Foi o pior dia da minha vida”, admite o ambientalista.
De lá para cá a divisão política do país não parou de crescer. Em apenas cinco anos, os Estados Unidos conseguiram desvincular-se do Acordo de Paris, em 2017, e voltar a assinar o acordo, em 2021. Esta ambivalência, a nível global, traduziu-se nos insatisfatórios acordos mundiais para a redução das emissões de gases com efeito de estufa que foram sendo obtidos a cada convenção do clima, e que têm adiado uma viragem decisiva rumo às energias limpas, para combater o aquecimento global. Por outro lado, a guerra na Ucrânia tornou ainda mais evidente o grau de dependência da Europa face aos combustíveis fósseis. E, contudo, as catástrofes ambientais continuam a suceder-se um pouco por todo o lado.
Mas da sua casa em Santa Bárbara, na Califórnia, Denis Hayes continua esperançoso. “Quando as consequências do nosso comportamento forem completamente claras, vamos virar-nos, como fazem os cardumes, em direcção à sobrevivência”, declara o ambientalista de 77 anos, que hoje é director-executivo da Fundação Bullitt, financiadora de projectos de cariz ambiental, e tem ainda um lugar honorário no conselho da organização Earthday.org, nascida do movimento do Dia da Terra.
Vamos a tempo de evitar uma devastação generalizada? Provavelmente não, diz ele: “A minha esperança é que essa tragédia seja minimizada.”
Quando é que o ambiente se tornou num tema importante para si?
Cresci no desfiladeiro do rio Columbia, numa comunidade associada a uma fábrica de papel. Era uma região impressionantemente bonita. Mas a fábrica, onde o meu pai trabalhava, estava a cortar florestas antigas, a encher o ar de dióxido de enxofre e de sulfureto de hidrogénio e a derramar veneno no rio. Ainda jovem, eu já acreditava que era possível produzir papel sem destruir o planeta.
Como é que se envolveu na organização do Dia da Terra?
Era um estudante em Harvard e estava a tirar um diploma conjunto em direito e em políticas públicas. Tínhamos de encontrar uma actividade em tempo parcial, onde pudéssemos influenciar a política pública. Eu li a convocatória do senador [Gaylord] Nelson para um “teach-in ambiental” [os teach-in eram encontros para discutir temas polémicos, com palestras e sem tempo definido, nas universidades], mas não estava a acontecer nada em Harvard. Por isso, fui até ao gabinete de Nelson, em Washington D.C., agendaram-me uma reunião de 15 minutos, e ofereci-me para organizar o evento de Harvard. Eu tinha estado muito envolvido no activismo (tinha sido presidente da associação de estudantes em Stanford), e a nossa reunião de 15 minutos acabou por se estender por duas horas. Saí de lá com uma carta de encargos para organizar em Boston. Dois dias depois, o chefe de gabinete de Gaylord Nelson telefonou-me pedindo-me para largar a universidade e organizar o teach-in no país inteiro.
Qual foi o papel do senador Gaylord Nelson?
Gaylord foi o primeiro a sugerir um teach-in ambiental para estudantes universitários, e ele era o presidente do conselho da organização [do Dia da Terra].
Primeiro, estavam a tentar organizar um teach-in a nível nacional. O que fez com que mudassem para o Dia da Terra?
Contratei vários bons organizadores, com grande experiência e enviei-os para todo o país. Quando voltaram, todos disseram que tinham encontrado muito pouco interesse pela questão ambiental nos campos universitários – os estudantes estavam completamente dedicados à guerra do Vietname e aos direitos civis. Além disso, o nome teach-in estava a ficar fora de moda, era válido quando era possível apresentar argumentos a favor e contra sobre um determinado tema. Mas ninguém queria argumentar a favor da poluição. Por isso, mudei o nome para Dia da Terra e comecei a focar-me nas organizações cívicas (grupos anti-auto-estradas, grupos que estavam a lutar contra a construção de novas centrais eléctricas na sua vizinhança); professores de ciência das escolas básicas e secundárias; e organizações de mulheres.
Os três grupos responderam entusiasticamente, e rapidamente começámos a criar uma dinâmica cada vez maior. Mais tarde, os estudantes universitários juntaram-se, depois de começarmos a falar sobre o impacto ambiental do agente laranja no Vietname e do impacto discriminatório das auto-estradas que atravessavam bairros desfavorecidos. O Dia da Terra passou a ser um nome a que toda a gente estava impaciente por se associar.
Há todo o tipo de fotos do Dia da Terra: pessoas a manifestarem-se, a recolherem lixo, outras a plantarem flores. Que actividades aconteceram nesse dia e porque é que foi tão diversificado?
Encorajámos os grupos locais a concentrarem-se naquilo que estivessem mais interessados – poluição atmosférica (um vasto número de pessoas usou máscaras de gás), poluição das águas, reciclagem, o salvamento das baleias, banirem o DDT, pararem os aviões supersónicos, travarem as auto-estradas. E a organizarem-se de forma que fizesse mais sentido nas suas comunidades. As acções que aconteceram foram desde grupos de escuteiros que foram limpar a praia até uma marcha de um milhão de pessoas pela 5ª Avenida, em Nova Iorque.
Como foi o estado de espírito nesse dia?
Muito diferente dependendo dos locais, houve desde manifestantes radicais antiguerra que fizeram discursos sobre a devastação no Vietname, até miúdos do secundário a plantarem plantas nos parques locais. Desde que um evento fosse pró-ambiente, era bem-vindo.
Quando é que se apercebeu da dimensão da participação?
Em Março, já era claro que ia ser algo muito grande – pelo menos da mesma escala das maiores manifestações contra a guerra e pelos direitos civis, com a diferença de que essas manifestações tendiam a ser num lugar específico e o Dia da Terra ia acontecer virtualmente em cada cidade, povoação e cruzamento dos Estados Unidos. Mas só no dia, quando cheguei a Nova Iorque, subi para o palco e olhei para as pessoas – e não conseguia ver o fim da multidão, era como se fosse um mar de gente –, é que verdadeiramente me apercebi de que era enorme. Fechámos 50 quarteirões da 5ª Avenida – a estimativa da multidão foi de cerca de um milhão de pessoas.
Porque é que tanta gente participou no Dia da Terra?
Depois de as pessoas estarem tão brutalmente divididas nos anos anteriores por causa da guerra do Vietname e dos direitos civis, elas desejavam ter um motivo para se unir. Depois, quando o movimento ambiental começou à procura de objectivos específicos que custavam dinheiro e envolviam regulações, algumas pessoas começaram a afastar-se. Mas o primeiro Dia da Terra foi bastante inclusivo, excepto para os piores infractores. Recusámos a contribuição oferecida pela Exxon, e eu declinei um convite para me encontrar com o Presidente [Richard] Nixon.
Qual foi o impacto do primeiro Dia da Terra para o movimento ambiental e para a política ambiental nos Estados Unidos?
Antes do Dia da Terra, havia muitos problemas individuais que não estavam normalmente ligados entre si na consciência das pessoas: o DDT, a poluição do ar e da água, os aterros, as auto-estradas que cortavam o coração das cidades, as minas a céu aberto, o desmatamento, as espécies em via de extinção, a pesca de arrasto de fundo, e tudo o mais. O Dia da Terra agarrou todos estes temas diferentes e colocou-os na mesma caixa – o ambiente – e convenceu milhares de grupos individuais a apoiarem-se entre si.
Olhando para as vitórias ambientais desde 1970 até à assinatura do Protocolo de Montreal, em 1987, para a protecção da camada de ozono, é difícil compreender a dificuldade actual em implementar políticas que travem as alterações climáticas. O que mudou?
Nos Estados Unidos, as coisas começaram a mudar em 1980 com a eleição de [Ronald] Reagan e de uma Casa Branca fortemente anti-ambiente. James G. Watt, secretário de Estado do Interior, e Ann Gorsuch, a administrar a Agência de Protecção Ambiental, procuraram desfazer uma década de progressos. Eles fizeram com que fosse aceitável ser-se abertamente anti-ambiente. Antes, os oponentes do ambiente tendiam a envergonhar-se das suas acções. A Clean Air Act de 1970 passou com unanimidade tanto no Senado como na Câmara dos Representantes. Quando Nixon vetou a Clean Water Act, em 1972, uma grande maioria dos votos de ambos os partidos anulou o veto.
Mas com Reagan, o Partido Republicano tornou-se o partido anti-ambiente. O apoio bipartidário que tínhamos começou a desaparecer. E agora que o Partido Republicano se tornou um subsidiário integral da organização de Trump, é praticamente impossível obter um verdadeiro apoio bipartidário para o que quer que seja.
E a nível internacional?
Diria que a nível internacional, a maior diferença entre o Protocolo de Montreal e o clima está ligado às acções das grandes empresas. A nível global, apenas uma mão cheia de empresas produzia os materiais, principalmente os clorofluorocarbonetos (CFC), banidos para salvar o ozono estratosférico – e as mesmas empresas produziram os químicos que os substituíram. Por isso, os DuPonts [empresa química dos Estados Unidos] do mundo olharam para o Protocolo de Montreal como uma nova fonte de lucro.
Com o clima, os materiais mais afectados são os combustíveis fósseis, que são produzidos por milhares de empresas em vários países. Muito poucas empresas de petróleo, gás ou carvão fizeram investimentos em energia solar, eólica, em baterias, em carros eléctricos, em edifícios inteligentes, ou outros negócios que sejam de sucesso num mundo constrangido pelo clima. Por isso, eles lutaram – desonestamente, e algumas vezes de forma brutal – para preservar os lucros da era dos combustíveis fósseis durante o maior tempo possível.
Nos Estados Unidos, os interesses associados aos combustíveis fósseis (organizados em parte pela multinacional Koch Industries) transformaram o Partido Republicano numa colecção de negadores do clima e de fanáticos anticiência. Eles são uma verdadeira vergonha para todos os que estão a favor da democracia como uma forma de governo.
Esperava que em 2022 estaríamos ainda a batalhar para controlar as alterações climáticas?
Em 1970, o clima nem sequer estava na minha agenda. A camada de ozono estava, mas pensávamos que a principal ameaça era por causa das emissões dos óxidos de azoto dos aviões supersónicos. Por volta de 1978, fiquei convencido de que o clima era uma questão real, mas o Presidente Jimmy Carter anunciou que tinha o objectivo de até ao ano 2000 obter 20% da energia dos Estados Unidos a partir de fontes renováveis, e eu pensei que aquele ímpeto iria levar-nos a uma boa posição até aos dias de hoje. Enquanto director do Laboratório Nacional de Energia Renovável (LNER), eu era responsável por desenhar um plano para atingir o objectivo de Carter, e estava convencido de que seria possível. Uma grande parte da estratégia era o investimento na eficiência energética, para que os 20% se referissem a uma proporção menor.
Mas passado um ano da entrada da Administração Reagan, eu já estava despedido; a minha instituição de investigação tinha sido em grande parte destruída; e a indústria [das energias renováveis] estava em ruínas. Nos últimos 40 anos, dependemos da bondade de estranhos (a Alemanha, a Dinamarca, a China, a Coreia do Sul, o Japão) para uma liderança nas energias renováveis – e os Estados Unidos não fizeram muitos progressos, nem mesmo durante os anos de [Bill] Clinton e de [Barack] Obama.
Qual era o objectivo do LNER e o que aconteceu depois da eleição de Ronald Reagan?
O instituto foi concebido por Jimmy Carter para liderar o esforço do país para criar tecnologias e políticas que acelerassem o caminho para uma sociedade alimentada por energias renováveis. O nosso orçamento anual era de 130 milhões de dólares, com um crescimento de 40% por ano. Tínhamos cerca de 1000 empregados, muitos deles saídos de trabalhos das universidades e do sector privado para se juntarem ao “Projecto Manhattan da Energia Solar”.
A administração Reagan procurou matar a energia solar e aumentar dramaticamente a energia nuclear e os combustíveis de carbono sintético. Eu combati-os, fazendo várias viagens a Washington D.C. para fazer lobby no Congresso e proteger o programa. Comecei a perceber que a Casa Branca estava muito chateada com os meus esforços de subverter os seus objectivos. Por fim, num dia terrível, eles cortaram o nosso orçamento em 100 milhões de dólares, despediram cerca de metade dos funcionários, dando-lhes um pré-aviso de duas semanas e nenhuma indemnização. Nessa tarde, rescindiram ainda os contratos com os privados. E, claro, despediram-me.
Deve ter sido difícil…
Foi o pior dia da minha vida.
O que é que o movimento ambiental tem de fazer para mudar a situação actual?
Temos de convencer as pessoas de que o clima é um tema de eleições, e tem de começar a ganhar eleições de forma retumbante nos países democráticos. Quanto à Rússia, à China, ao Brasil, à Arábia Saudita, aos Estados do Golfo, à Venezuela, não sei o que dizer.
Como é que se convence as pessoas de que o clima é um tema de eleições?
Um grande número de eleições é ganho por uma margem de 3 a 4 pontos percentuais. O primeiro passo para tornar o clima num tema de eleições é ir aos locais onde as alterações climáticas causaram um desastre (um fogo extraordinário, um alagamento, um furacão, etc.) ou onde as soluções climáticas prometem um grande número de empregos. Depois, deve-se anunciar com tempo de avanço que se defendem essas posições em relação ao clima e, para ganhar a corrida, encontrar eleitores suficientes para quem o clima é a questão mais importante.
Muitos argumentam que o movimento ambiental tem de unir forças com os outros movimentos sociais. Qual é a sua posição em relação a isso?
Cada geração descobre isto como se fosse a primeira vez, e está tudo bem nessa redescoberta, rejuvenesce o movimento. Em 1970, procurámos um denominador comum com o movimento antiguerra, falámos do agente laranja e de outros herbicidas, da dizimação dos mangais, do aumento de anomalias congénitas nas zonas de guerra. Entrámos em contacto com as principais organizações dos direitos civis, mas não com muito sucesso. Todas apoiavam a redução da poluição do ar e das águas, que atingiam sobretudo as comunidades desfavorecidas. Mas os seus membros viviam em bairros com escolas terríveis, sem cuidados de saúde, com o desemprego altíssimo, crimes violentos, droga – e basicamente disseram que só se envolveriam com o ambiente depois de melhorarem esses problemas urgentes. Os nossos maiores sucessos entre os afro-americanos foram com a National Welfare Rights Organization e especialmente com os grupos anti-auto-estradas, formados maioritariamente por cidadãos desfavorecidos que estavam a tentar impedir que as auto-estradas destruíssem os seus bairros. Entrámos em contacto com o movimento das mulheres, e muita da liderança do Dia da Terra foi de mulheres.
Hoje há uma nova ênfase na justiça ambiental e climática, e no ecofeminismo, e muitos dos objectivos e da retórica são os mesmos dos de há meio século.
O que espera deste Dia da Terra?
Entre a guerra na Ucrânia e a covid, não será possível organizar nenhuma grande manifestação com consequências políticas. Esperemos que no próximo ano o Dia da Terra traga resultados. Neste ano, haverá dezenas de milhares de acções locais, a maioria focada em problemas e soluções locais.
Há uma guerra a acontecer na Europa, as concentrações de CO2 não param de aumentar, os plásticos estão em todo o lado, a biodiversidade está em queda. Tem esperança em relação ao futuro?
Em termos darwinianos, o pessimismo não tem nenhum valor para a sobrevivência das espécies. Por isso, estou resolutamente esperançoso. No passado, conseguimos obter algumas vitórias importantes em condições muito difíceis. Por exemplo, a redução significativa do arsenal de armas nucleares do mundo – quando forças poderosas em cada nação com armas nucleares, especialmente os seus militares, estavam a pressionar para haver mais e mais armas. Acho que o Homo sapiens, como todas as espécies, tem um forte instinto de sobrevivência. Quando as consequências do nosso comportamento forem completamente claras, vamos virar-nos, como fazem os cardumes, em direcção à sobrevivência. O problema com o clima é que com efeitos retardados e pontos de não retorno, uma potencial reforma [do sistema] chegará provavelmente demasiado tarde para evitar uma devastação espalhada e irreversível. Na realidade, já é demasiado tarde para evitar alguns fenómenos significativos de secas, incêndios, inundações, supertempestades e o aumento do nível médio do mar. Eles já estão a acontecer. Mas a minha esperança é que essa tragédia seja minimizada, e que iremos emergir do trauma (como por vezes acontece depois das guerras) com um maior sentido de irmandade planetária e com um compromisso partilhado para um futuro sustentável e saudável.