Inflação nos 5,3% com produtos energéticos ao nível mais elevado desde 1991
A taxa de inflação homóloga atingiu o valor mais elevado desde Junho de 1994, impulsionada pela subida dos preços energéticos e dos alimentos.
A taxa de inflação de Março atingiu 5,3%, aquele que é o valor mais elevado em quase trinta anos, confirmou nesta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O valor, que compara com os 4,2% em Fevereiro, veio em linha com o que já tinha sido indicado na estimativa rápida publicada no final do mês passado e é o “mais elevado desde Junho de 1994”, em Portugal.
A variação homóloga explica-se com o aumento dos preços energéticos para níveis que já não se viam desde 1991, indica o INE.
“A variação do índice relativo aos produtos energéticos aumentou para 19,8% (15% no mês precedente), valor mais elevado desde Fevereiro de 1991”, revelam os dados desta terça-feira.
A guerra na Ucrânia veio intensificar o movimento de subida dos preços da electricidade e gás natural que já se verificava desde o Verão passado, bem como o dos combustíveis, e fez disparar os preços dos alimentos, afectados também por custos mais elevados ao nível da logística e transportes.
Segundo o INE, o índice referente aos produtos alimentares não transformados subiu dos 3,7% em Fevereiro para 5,8% em Março.
O indicador de inflação subjacente (que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos) também acelerou em Março, passando dos 3,2% em Fevereiro para 3,8%.
Quanto à variação mensal do índice de preços no consumidor, a sua subida foi de 2,5% e a variação média dos últimos doze meses foi de 2,2%.
Quanto ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que permite fazer comparações entre os países da União Europeia (UE), a variação homóloga foi de 5,5%, que o INE aponta como sendo o “valor mais elevado registado desde o início do IHPC, em 1996”.
A evolução reflecte “sobretudo diferenças apreciáveis no comportamento dos preços dos bens energéticos, em particular da electricidade”. Ainda assim, o IHPC português fica abaixo do valor estimado para a zona euro, de 7,5%.
Expurgando do índice os produtos energéticos e produtos alimentares não transformados, o IHPC em Portugal apresentou “um perfil ascendente muito pronunciado” e atingiu uma variação homóloga de 4,1% em Março, que é superior à taxa verificada na zona euro (estimada em 3,2%).
O IHPC registou uma variação mensal de 2,6% e, nos últimos doze meses, aumentou 2,0%.