Açores: CIVISA registou um total de 26.627 sismos em São Jorge
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) diz que foram sentidos 226 abalos. Centro apela à população para que siga os conselhos da Protecção Civil.
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) registou, desde 19 de Março, quando se iniciou a crise sismovilcânica em São Jorge, um total de 26.627 sismos, dos quais 226 sentidos pela população.
A informação foi avançada esta segunda-feira pela coordenadora das operações do CIVISA na ilha de São Jorge, Fátima Viveiros, no briefing diário para actualização da crise sismovulcância que se regista há mais de duas semanas naquela ilha açoriana. “Entre as 00h00 e as 10h00 de hoje registaram-se 94 sismos, e apenas um deles sentido”, assinalou a investigadora, acrescentando que no domingo houve “um total de 389 sismos registados pela rede”.
Questionada sobre se haverá algum patamar em que se possa afirmar que a situação está estável e vai voltar ao normal, Fátima Viveiros recusou a existência de “um número que diga ‘é este o dia'”. “Não posso dizer que há um número. Temos de ir acompanhando diariamente e viver com esta incerteza que é o momento que temos”, sublinhou, aos jornalistas, nas Velas, ilha de São Jorge.
A coordenadora das operações do CIVISA em São Jorge lembrou que está em causa “um sistema que durante décadas esteve estável”, mas que “desde o dia 19 de Março demonstra uma instabilidade em termos de deformação crustal e em termos dos sismos registados”. Tal fez com que o CIVISA implementasse o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
Quanto aos parâmetros de deformação crustal, e no que se refere ao período entre 21 de Março e 2 de Abril, as imagens “não demonstram deformação significativa, contrariamente à anterior”, de acordo com Fátima Viveiros. “A deformação que tinha sido verifica na imagem anterior era na parte central de São Jorge. A nova imagem não demonstra alteração significativa dessa deformação”, explicou.
Perante “os dados que aparentam esta acalmia”, Fátima Viveiros reforçou que esta é uma situação que “tem de ser monitorizada” e “acompanhada”. “Podemos ter uns períodos de acalmia e isto não implica que é um desfecho para os eventos”, sustentou, referindo, por exemplo, que aquando da pandemia de covid-19 ocorreram também dias “com zero casos e não foi por isso que a pandemia terminou”.
Apelando à população para que siga os conselhos da Protecção Civil, a investigadora disse ainda que “diariamente o gabinete de crise do CIVISA reúne, analisa todos os dados das várias técnicas”, quer “os que chegam em tempo real” como “os dados recolhidos no campo”. “Não há propriamente um número que nos diga é este o dia, porque isto tem a ver com os valores de cada técnica, com as localizações de tudo aquilo que se obtém e com as incertezas que temos que jogar em cima da mesa para os cenários”, esclareceu.