Quatro restaurantes para saborear o Gerês

Do Soajo a Castro Laboreiro, passando pela vila termal e o território galego do Xurés, o parque natural guarda segredos, produtos e tradições gastronómicas onde reinam também os Vinhos Verdes.

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Saber ao Borralho

Sendo o Parque Nacional da Peneda-Gerês uma reserva da natureza, este restaurante bem pode ser visto também como uma reserva, mas da cozinha e dos produtos da região. Mais propriamente da área mais ocidental do parque, que agrega várias freguesias dos concelhos de Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Melgaço.

Casa rústica - embora de construção e conforto modernos - com o forno, lareira, potes, grelhas e trempes a procurar recriar o ambiente que remete para a memória das cozinhas tradicionais dos tempos em que as populações de montanha viviam no mais completo isolamento. Tudo o que se comia era local e de temporada e, como tal, de qualidade imaculada. É esta a cozinha do Saber ao Borralho.

O menu é, por isso, propositadamente curto e tudo o que se cozinha é de origem local. As carnes das raças locais de bovinos, cachena e barrosã, e do porco, os enchidos, presunto, legumes da horta e algum doce para aproveitar os ovos da capoeira. A excepção é o omnipresente bacalhau, mesmo assim com um “tempero” local que é a água fresca corrente em que é demolhado. É servido em postas generosas, assado com broa ou frito com cebolada.

O ícone é a vitela que é assada no forno a lenha durante cinco horas. Acompanha com batatinhas assadas e legumes salteados e é servida aos fins-de-semana. Também nos outros dias, mas apenas por encomenda prévia. Outro emblema gastronómico é o arroz de feijão tarrestre, uma variedade local que esteve já quase extinta. Um arroz caldoso que leva também enchidos e legumes e acompanha com nacos de carne grelhada.

O restaurante Saber ao Borralho, no Soajo, fica dentro do parque nacional e é, ele próprio, uma reserva da cozinha e dos produtos da região.
O restaurante Saber ao Borralho, no Soajo, fica dentro do parque nacional e é, ele próprio, uma reserva da cozinha e dos produtos da região.
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O restaurante Saber ao Borralho, no Soajo, fica dentro do parque nacional e é, ele próprio, uma reserva da cozinha e dos produtos da região.

A par da cachena, também o feijão tarrestre é outro dos quatro produtos locais que o concelho de Arcos de Valdevez viu já consagrados no catálogo internacional do movimento slow food. Os outros são a broa de milho e a laranja do Ermelo, que igualmente se encontram no Saber ao Borralho.

Dependendo da época do ano, a oferta completa-se ainda com o cozido tradicional, sobretudo à base das carnes de porco, os rojões com tripas enfarinhadas e as papas de sarrabulho. Uma cozinha única e com produtos únicos que são também símbolos da memória e património etno-gastromómico da vida e economia de montanha das populações do Alto Minho.

Nos vinhos, este é também o império dos Verdes e da produção local, onde não faltam, claro está, as tigelas retintas de vinhão. Não só para confortar o estômago, mas também para pintar os lábios e os bigodes com a cor da satisfação.

Saber ao Borralho
Rua 25 de Abril, 1158, Soajo (Arcos de Valdevez)
Tel.: 933204718/963708986
Das 12h30 às 14h30, encerra à segunda e à terça. Sábado, também das 19h às 21h
Preço médio: 30 euros

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O polvo é estrela na ementa do Lurdes Capela (Caldas do Gerês), a par das carnes de barrosã, do cabrito assado no forno, do cozido e do bacalhau em múltiplas preparações.

Lurdes Capela

A par das carnes de barrosã, do cabrito assado no forno, do cozido e polvo ou bacalhau em múltiplas preparações, há no restaurante Lurdes Capela um prato que é também o emblema da vila hoteleira de Caldas do Gerês. Chamam-lhe “o pedaço”, nome dado ao bife panado que acompanha com migas de broa, couve e mel, e chalotas.

Este restaurante, já na terceira geração, existe há seis décadas e faz parte, a par dos hotéis, da história termal do Gerês. Do tempo em que não se falava ainda do parque natural, que os visitantes eram tão-só os termalistas e em que tudo se cingia a um pequeno aglomerado de casas ao lado das termas e da estrada de acesso.

Tudo mudou, mas o restaurante mantém-se como referência gastronómica e com clientela fiel ao longo de todo o ano. Cozinha com base nos assados e grelhados, com destaque para as carnes de barrosã, cuja posta é servida com broa frita. Frito com cebolada à moda de Braga, assado no forno com broa ou à lagareiro, o bacalhau tem também protagonismo na carta.

João Capela é o proprietário, de terceira geração, do restaurante Lurdes Capela, que faz parte da história da vila termal de Caldas do Gerês.
Restaurante Lurdes Capela, em Caldas do Gerês
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João Capela é o proprietário, de terceira geração, do restaurante Lurdes Capela, que faz parte da história da vila termal de Caldas do Gerês.

O cozido à minhota, o cabrito assado no forno, rojões e papas de sarrabulho, sempre foram outros dos emblemas da casa, a provar que a procura pelas curas termais pode ser sempre encarada em várias perspectivas.

Da carta de vinhos alargada, destacam-se as propostas de Vinhos Verdes.

Lurdes Capela
Rua Dr. Manuel Gomes de Almeida, 77, Caldas do Gerês (Terras de Bouro)
Tel.: 253391208
Das 11h30 às 14h30 e das 18h30 às 21h30. Encerra ao domingo
Preço médio: 25 euros

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Do lado espanhol do Gerês (ou Xurés), a referência gastronómica é o restaurante Lusitano, em Lobios.

Lusitano

Embora nem sempre se tenha presente, a reserva natural do Gerês é, desde finais dos anos 1990, uma área conjunta com território galego, o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés. A vila de Lobios é principal localidade no outro lado da fronteira, onde se acede facilmente tanto pelo Lindoso como pela Portela do Homem.

A referência gastronómica é o restaurante Lusitano, também hotel, fundado por um português, Luís Dias, que montou o negócio há quase cem anos, em 1930. É hoje um restaurante premiado e reconhecido, com uma carta alargada e ecléctica que cruza a gastronomia tradicional com produtos e técnicas contemporâneas.

Dos mariscos ao polvo, a oferta estende-se a uma variedade de carnes autóctones (incluindo cachena) grelhadas, estufadas ou assadas, e há até um menu de caça. Entre quente e frios, nas entradas não falta o polvo, enchidos, queijos e presuntos, zamburiñas (bivalve aparentado da vieira), chipirones ou os típicos callos (semelhante às feijoadas portuguesas, só que com grão em vez de feijão). Mas há também durante a semana um menu diário, mais ligeiro e acessível.

Restaurante Lusitano, em Lobios (Ourense)
Restaurante Lusitano, em Lobios (Ourense)
Restaurante Lusitano, em Lobios (Ourense)
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Restaurante Lusitano, em Lobios (Ourense)

Vale bem a pena a viagem, que não chega sequer a ser um desvio já que é o percurso mais acessível entre Gerês e Lindoso. E já agora, mesmo no Inverno é aconselhável levar fato de banho, já que a curta distância de Portela do Homem está a localidade de Os Baños, onde no rio Caldo há uma piscina natural de águas bem quentes e de acesso livre.

Hotel Restaurante Lusitano
Estrada de Portugal, 47, Lobios (Ourense)
Tel.: +34 988448028
Das 07h às 01h. Não encerra
Preço médio: 30 euros

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No Miradouro do Castelo, como prometido pelo nome, a sala é um atraente miradouro sobre a serrania da Peneda. DR

Miradouro do Castelo

Castro Laboreiro, na serra da Peneda, é a referência mais a norte do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Aberto há 30 anos, mas agora com um espaço completamente renovado e modernizado, este é o mais antigo restaurante da vila.

De fachada envidraçada, a sala é agora um atraente miradouro sobre a serrania, de onde se contemplam também as antigas inverneiras que testemunham os tempos da vida de pastoreio e transumância.

Referência local, o cabrito assado é responsável por boa parte da atractividade e fama deste restaurante (e pensão) de raiz familiar onde também o presunto e enchidos locais, o polvo assado ou as generosas postas de bacalhau com broa ou frito com cebolada regalam a clientela.

O pão frito com chouriço, a chouriça assada e o caldo no pote são alguma das sugestões de entradas, enquanto nas carnes, a oferta se alarga também aos grelhados na brasa de borrego grelhado, naco de vitela ou costeleta de cachena ou barrosã, que são servidos com batata a murro.

De sobremesas, não faltam os minhotos leite-creme ou arroz-doce, mas é o bucho doce que se destaca, uma receita ancestral da tradição local que aproveita o bucho da matança do porco para fazer um bolo com pão, ovos, canela e açúcar.

Nos vinhos, a oferta alarga-se a várias regiões com destaque para os alvarinhos da região de Melgaço.

Miradouro do Castelo
Vila, N202-3, Castro Laboreiro (Melgaço)
Tel.: 251465469
Das 12h30 às 15h e das 19h às 22. Não encerra
Preço médio: 25 euros


Este artigo foi publicado no n.º 4 da revista Singular.

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