Tropas russas libertam presidente da câmara de Slavutich sob pressão dos locais
Cidade ucraniana, perto da antiga central nuclear de Tchernobil, foi capturada pelos russos este sábado. Mas os protestos da população obrigaram as tropas russas a fazerem um acordo: libertaram o presidente da câmara e vão manter um posto de controlo à entrada da cidade.
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As tropas russas libertaram, na tarde deste sábado, o presidente da câmara da cidade ucraniana de Slavutich, no norte do país, a 70 quilómetros da antiga central nuclear de Tchernobil. Segundo as autoridades ucranianas, os russos ocuparam a cidade este sábado, mas acabaram por aceitar uma retirada parcial perante uma forte manifestação da população local.
Slavutich, uma cidade com cerca de 25 mil habitantes, construída na sequência do desastre nuclear de Tchernobil para realojar os antigos habitantes de Prypiat, junto à antiga central, foi tomada pelo Exército russo este sábado, depois de uma primeira tentativa na sexta-feira, segundo o comandante militar ucraniano na região de Kiev, Oleksandr Pavliuk.
Os soldados russos foram recebidos com um forte protesto de habitantes desarmados, que desfraldaram uma bandeira da Ucrânia e não desmobilizaram quando começaram a ser atacados com granadas atordoantes e intimidados com tiros para o ar.
Perante a resistência dos manifestantes, os russos aceitaram a exigência dos locais para a libertação do presidente da câmara da cidade, Iuri Fomichev. Em troca, as autoridades ucranianas recolheram as armas que estavam na posse de civis e permitiram que os soldados russos verificassem que não havia militares ucranianos na cidade. O Exército russo vai também manter um posto de controlo à entrada de Slavutich.
“Os russos dispararam tiros para ar e lançaram granadas de atordoamento contra a multidão”, disse o general Oleksandr Pavliuk. “Mas a população não dispersou, e a multidão até acabou por aumentar.”
Segundo as autoridades ucranianas, a Rússia fracassou na sua estratégia inicial de capturar a capital, Kiev, nas primeiras 72 horas da invasão, e agora aposta no cerco a cidades importantes.
“Eles apostaram numa blietzkrieg [guerra-relâmpago], mas a aposta fracassou”, disse Mikhailo Podoliak, um conselheiro do Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e o principal negociador nas conversações com a Rússia.
“Planearam mal a operação e perceberam que teriam mais hipóteses de sucesso se cercassem as cidades, cortando as principais rotas de abastecimento, e se forçassem as pessoas a ficarem sem comida, água e medicamentos.”
Na sexta-feira, um responsável do Ministério da Defesa russo disse que a operação militar da Rússia na Ucrânia foi cumprida com a “libertação” das províncias ucranianas de Donetsk e Lugansk, no Leste do país. A declaração foi interpretada, nos EUA e na Europa, como uma sugestão de que o Kremlin teria desistido de ocupar a capital ucraniana, Kiev, e derrubar o Governo ucraniano.
Este sábado, o Presidente dos EUA, Joe Biden, disse que não tem nenhuma indicação de que os objectivos da Rússia tenham sido alterados. E o conselheiro de Zelensky disse que a sugestão de uma mudança de estratégia da Rússia não é confiável.
“É óbvio que não acredito nisso”, disse Podoliak, citado pelo jornal britânico Guardian. “Eles não têm interesses no Donbass. Os principais interesses deles estão em Kiev, Chernihiv, Kharkiv e no sul — em Mariupol, para bloquearem o Mar de Azov. Vemos que eles estão a reagrupar-se e a preparar-se para enviarem mais tropas.”