Alunos do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, angariam material médico para a Ucrânia

Os mais de dois mil alunos do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, juntaram-se e, desafiados pela direcção da escola, angariaram material médico e uma verba de quase 20 mil euros que serão enviados para a Ucrânia, através da embaixada do país em Portugal.

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Entre o material recolhido estão medicamentos de venda livre, cobertores térmicos, compressas, desinfectantes, pensos, ligaduras e soros Miguel Manso

É mais uma campanha de solidariedade, no Minho, para ajudar a Ucrânia. Em apenas uma semana, os 2120 alunos do Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, uniram esforços e recolheram 47 caixas de material médico e angariaram uma verba de 19.430 euros destinados ao povo ucraniano. Os bens e o valor monetário foram entregues esta quinta-feira, na instituição de ensino, ao presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), Francisco Corte Real, entidade que vai mediar a entrega de bens através da embaixada da Ucrânia em Portugal.

No encontro, o responsável explicou que a campanha de solidariedade surgiu através de uma abordagem do INMLCF aos quatro médicos ucranianos do instituto que operam nas cidades de Viseu, Santiago do Cacém, Lisboa e Portimão. “Reunimos com eles no sentido de perceber de que modo poderíamos ajudar o povo ucraniano e disseram-nos que havia sobretudo necessidade de angariar medicamentos e material de primeiros socorros”, revelou. A partir daí, o INMLCF contactou várias instituições, entre elas o Colégio D. Diogo de Sousa, que, de pronto, aceitou o repto. “A iniciativa do Colégio foi absolutamente extraordinária. Sei que houve alunos que prescindiram das suas mesadas para darem este apoio, o que é algo exemplar”, referiu ainda.

Ana Ferreira, de 18 anos, foi uma das estudantes que, “ajudar quem mais precisa”, abdicou de ter a totalidade da mesada. “A campanha foi-nos falada pelos directores de turma, em sala de aula, e aderimos logo. Toda a turma colaborou com a angariação de dinheiro”, explicou a jovem aluna, para quem o mais impressionante, na guerra, é a situação vivida pelas crianças: “São como nós e, neste momento, não têm possibilidade de aprender e de ter uma vida segura. E isso choca”.

Nas 47 caixas de material recolhido estão medicamentos de venda livre, cobertores térmicos, compressas, desinfectantes, pensos, ligaduras e soros. “Uns alunos tinham material em casa, alguns compraram e outros alguns recorreram a familiares farmacêuticos”, esclareceu Cândido Sá, director do colégio. “Houve muitos que só trouxeram dinheiro porque havia medicamentos na lista que precisam de receita médica. A verdade é que todos os estudantes estiveram envolvidos”, enalteceu António Araújo, administrador da instituição de ensino.

Na turma 57 do 10º ano de escolaridade, a ideia, depois de conhecida a campanha, foi “juntar o máximo dinheiro possível”, desvendou Maria Torres, de 15 anos. “Temos visto o que está a acontecer pela televisão e a iniciativa do colégio foi muito bem recebida por todos na turma”. Para Maria, o mais perturbador na guerra da Ucrânia são “as crianças que lá estão, muitas delas doentes oncológicos, enfiadas em caves”. À mãe, já lhe transmitiu: “Quero muito poder ajudá-los e, se pudesse, trazia-os todos para minha casa, mas sei que não é possível”.

Os bens recolhidos seguirão para a sede do INMLFC, em Coimbra, a partir da qual vão ser entregues na embaixada da Ucrânia, a quem caberá o transporte da recolha até ao país ucraniano. Já o valor do donativo será depositado numa conta indicada pela própria embaixada, esclareceu Francisco Corte Real.

Arcebispo Primaz de Braga diz que “não basta acolher, é preciso integrar”

Propriedade da arquidiocese de Braga, o Colégio D. Diogo de Sousa contou, esta quinta-feira, com a presença de José Cordeiro, novo arcebispo primaz de Braga, nomeado em Dezembro passado, que destacou o acolhimento, no último mês, de mais de uma centena de refugiados, entre Braga e Barcelos, em equipamentos disponibilizados pela arquidiocese.

O arcebispo primaz assinalou, no entanto, que “não basta acolher” e que “é também preciso proteger e integrar quem chega, para que as pessoas se sintam plenamente livres, dentro daquilo que é possível com todos os traumas que a guerra traz”. Lembrando que a maioria dos refugiados que chegam são “mulheres e crianças”, o responsável sublinhou que “a separação de famílias traz uma dor imensa” e que “todas as condições e gestos de amor e gestos de amor que se podem dar não dão ainda paz plena”. Sobre a integração dos refugiados, e apesar de recordar que o que lhe transmitem é a “ideia de voltar a casa”, José Cordeiro apelou à ajuda das “famílias ucranianas e aos padres ortodoxos que já cá estão”.

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