Rússia bombardeia teatro de Mariupol que servia de abrigo a centenas de pessoas
As forças russas atacaram nesta quarta-feira o Teatro Drama de Mariupol, segundo as autoridades ucranianas, que dizem que o espaço estava a ser usado como abrigo por centenas de pessoas. Vídeos mostram a destruição, mas não há informação sobre o número de vítimas. Às portas do edifício lia-se, em letras visíveis a partir do céu, a palavra “crianças” escrita em russo.
O edifício do Teatro Drama de Mariupol foi destruído esta quarta-feira, após mais um ataque russo, segundo o vice-presidente da câmara da cidade, Sergei Orlov. As forças militares “destruíram propositada e cinicamente o Teatro Drama no coração de Mariupol”, onde “centenas de moradores pacíficos estavam escondidos”, afirmou o governo da cidade através da rede Telegram.
O teatro terá servido como abrigo para civis nos últimos dias — segundo fonte do executivo da cidade, cerca de mil pessoas estariam no seu interior no momento em que foi bombardeado. A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) diz que nos últimos dias o teatro servia de abrigo a pelo menos 500 civis. “Isto levanta sérias questões sobre qual era o alvo que pretendiam atingir numa cidade onde os civis estão cercados há dias e as comunicações, energia, água e aquecimento foram quase completamente cortados”, disse Belkis Wille, do HRW..
No exterior lia-se “crianças” escrito em russo, em letras brancas, enormes, pintadas no chão, visíveis a partir do céu. Uma empresa norte-americana de tecnologia espacial, a Maxar Technologies, partilhou, no seguimento do ataque, uma imagem de satélite captada a 14 de Março, que mostra o teatro e, na rua, letras perfeitamente legíveis.
“Mulheres, crianças e idosos continuam na mira do inimigo. São pessoas pacíficas, completamente desarmadas. Nunca vamos perdoar e nunca vamos esquecer”, garantiram as autoridades de Mariupol, citadas pela CNN.
Another horrendous war crime in Mariupol. Massive Russian attack on the Drama Theater where hundreds of innocent civilians were hiding. The building is now fully ruined. Russians could not have not known this was a civilian shelter. Save Mariupol! Stop Russian war criminals! pic.twitter.com/bIQLxe7mli
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 16, 2022
Também Dmitro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, reagiu, no Twitter: “Outro crime de guerra horrendo em Mariupol” escreveu, partilhando fotografias do local antes e depois do ataque. “Parem os criminosos de guerra russos!”
Até ao momento, não há informação sobre quantas mortes causou o bombardeamento.
Em entrevista à BBC, o deputado ucraniano Vadym Halaichuk sublinhou que as tropas ocupantes já tinham sido informadas de que o teatro estava a ser usado como abrigo. O Batalhão Azov, uma organização militar de extrema-direita associada à Guarda Nacional Ucraniana, divulgou um vídeo gravado na passada quinta-feira no interior do teatro. De acordo com o New York Times, o abrigo estava cheio de famílias e crianças.
O ministro da Defesa russo nega que Moscovo seja responsável pela ofensiva e afirma que não ataca alvos civis.
Além do teatro, uma piscina que servia de abrigo na cidade do leste ucraniano foi destruída. “Debaixo das ruínas estão mulheres grávidas e crianças. Isto é puro terrorismo”, escreveu, no Facebook, Pavlo Kyrylenko, chefe da administração regional de Donetsk.
Mariupol é "a pior das frentes de guerra", cercada e bombardeada há mais de duas semanas. Faltam medicamentos, não há electricidade ou gás, a comida e água escasseiam.