Finalista de Roland Garros junta-se à resistência armada ucraniana
Andrei Medvedev junta-se a Sergiy Stakhovsky e é imitado por Alexandr Dolgopolov.
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O desejo de muitos em manter o desporto afastado da política parece ser uma utopia quando os próprios atletas fazem questão de participar activamente fora dos campos ou pavilhões. Há dias, o tenista ucraniano Sergiy Stakhovsky surpreendeu o mundo tenístico ao divulgar fotografias suas na Ucrânia com uma arma na mão. Agora, o jogador nascido há 36 anos em Kiev – cujo presidente da Câmara é o pugilista Wladimir Klitschko – mostrou-se noutra foto ao lado do maior nome do ténis ucraniano, Andrei Medvedev.
“A lenda do ténis mundial mantém-se em Kiev e pronto para enfrentar o inimigo. Estou extremamente feliz por ver Medvedev ao nosso lado”, escreveu Stakhovsky, actual 226.º no ranking mundial – foi 31.º em 2010.
Em 1999, Medvedev atingiu a final de Roland Garros, derrotando Pete Sampras e Gustavo Kuerten pelo caminho, mas seria derrotado por Andre Agassi, após lhe ter ganho os dois primeiros sets. Ainda assim, este foi o ponto alto da carreira do ucraniano, durante a qual conquistou 11 títulos, entre 1992 e 1997, incluindo quatro Masters 1000 e o Estoril Open, em 1993 – foi também finalista no Jamor em 1994, ano em que atingiu o quarto lugar do ranking mundial. Medvedev é actualmente o seleccionador da Ucrânia na Taça Davis, qualidade na qual visitou Portugal pela última vez, em 2017.
Outro reforço de última hora é Alexandr Dolgopolov, tenista já retirado devido a uma crónica lesão no pulso. Classificado no 13.º lugar do ranking ATP em 2012 – e filho do antigo treinador de Andrei Medvedev – Dolgopolov revelou ter estado a praticar tiro com um ex-militar durante vários dias, ante de viajar desde os EUA até à Ucrânia, via Polónia. “Não me tornei num Rambo numa semana, mas sinto-me confortável com armas”, adiantou no Instagram, antes de frisar: “A verdade está do nosso lado e esta é a nossa terra. Vou ficar em Kiev até à nossa vitória e depois.”
Nos courts, a solidariedade para com a Ucrânia tem sido manifestada através do equipamento, como as ucranianas Elina Svitolina e as irmãs Ivanna e Dayana Yastremska, que, no torneio de Indian Wells, envergam roupa azul e amarela. Muitos outros, incluindo tenistas da Rússia e Bielorrússia proibidos de jogar sob a bandeira dos respectivos países, têm aproveitado a sua popularidade para, pelas redes sociais, apelar à paz.
Victoria Azarenka acabou mesmo por ceder emocionalmente quando defrontava a russa Elina Rybakina. A 2-2 do segundo set, a antiga número um mundial bielorrussa começou a chorar compulsivamente e precisou de alguns minutos para se recompor e voltar a jogar. “Sinto-me devastada pelo que está a acontecer na Ucrânia”, comentou Azarenka, após ser eliminada. “Desde a minha infância que sempre vi as pessoas da Ucrânia e Bielorrússia como amigas e a apoiarem-se mutuamente”, acrescentou.
Na Grã-Bretanha, onde, em Junho, decorre o prestigiado Torneio de Wimbledon, o ministro do Desporto afirmou que não basta aos russos e bielorrussos jogarem sob uma bandeira neutral. “Precisamos de ter mais garantias de que não são apoiantes de Putin”, afirmou Nigel Huddleston, que se mantém com contacto permanente com o All England Club, organizador do torneio.