Pantera entre a despedida e a festa

Mais de 20 anos passados sobre a sua morte, Pantera vai atrás das pistas de um homem que, com voz e guitarra, revolucionou a música cabo-verdiana e se extinguiu em seguida. A 19 e 20 de Março, Clara Andermatt e João Lucas, com a participação de Mayra Andrade, estreiam no CCB um espectáculo que correrá o país a lembrar este mergulho na tradição sem medo do futuro.

Foto
Vitorino Coragem

Chama-se esteira e é um dos rituais fúnebres em Cabo Verde. Quando a morte desce à terra para levar consigo um homem ou uma mulher nascido/a naquelas ilhas, o luto instala-se durante sete dias (mas que pode, nalguns casos, prolongar-se por duas semanas ou um mês) na casa onde antes havia vida. A sala é então esvaziada de mobiliário e cria-se o espaço necessário para que o chão possa ser ocupado por uma série de esteiras onde as visitas apresentam as condolências, enquanto os familiares entregam os corpos, por ali deitados ou sentados em recolhimento, para chorar o desaparecimento. E se dentro de casa se faz o luto deixando a dor e o sofrimento à solta, no exterior há comida, jogos de cartas, conta-se histórias e as conversas animam os espíritos. Dentro, chora-se a morte; fora, festeja-se a vida.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários